Idosos solitários podem perder volume cerebral pela falta de contato social, diz estudo com quase 9.000 pessoas

A falta de interação social, especialmente na velhice, pode gerar diminuição do tamanho do cérebro, levando à depressão e estímulo de doenças neurodegenerativas, como a demência

de OTTO VALVERDE 0

Um novo estudo, no Japão, publicado na última quarta-feira (12/07) na revista científica Neurology, levantou a importância sobre a interação social e os impactos que a falta gera no tamanho do cérebro.

Idosos que vivem isolados socialmente, com raros encontros com seus familiares e amigos, são mais propensos a perderem volume cerebral.

Isso pode gerar uma série de problemas de cunho mental, que vão desde a depressão até o estímulo do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como a demência.

O estudo contou com a participação de 8.896 idosos com idade médica de 73 anos, em diagnóstico de demência, analisando o aspecto do cérebro dos que viviam isolados com outro grupo que tinha contato social e interação familiar.

Apesar da variação da diminuição cerebral entre os grupos ter sido de 0,75%, especialistas dizem que o número é significativo. Isso porque viver isolado está associado com lesões que encolhem o cérebro.

O estudo mostrou ainda que, apesar de todos os seres humanos necessitarem de interação social para manter o bem-estar, esta interação é ainda mais importante em idosos.

A solidão pode gerar mecanismos de danos na massa branca cerebral e perda de conexões consideradas importantes, reduzindo a região da amígdala cerebral e hipocampo.

Como o hipocampo é uma das áreas associadas com a progressão da demência e perda cognitiva, pesquisadores apontam a importância do atual estudo como forma de prevenção das doenças neurológicas.

Entre 15 e 29% das diminuições do volume do cérebro, associadas diretamente com a falta de interação social, geraram como consequência sintomas depressivos.

Os especialistas dizem que este é o primeiro estudo mundial a utilizar uma grande quantidade de dados para associar as consequências e impactos no cérebro sobre o isolamento ou solidão em idosos.

O estudo enfatiza, em última análise, que quando os idosos voltaram a manter laços de interação social com amigos ou familiares, foi possível reverter o efeito gerado no cérebro, diminuindo a depressão.

Fonte(s): Folha Press Imagem de Capa: Reprodução / Senior Advice

Jornal Ciência