Cérebro de 3 pessoas foram conectados permitindo que compartilhassem pensamentos

de OTTO VALVERDE 0

Neurocientistas ligaram com sucesso uma conexão cerebral de três vias para permitir que três pessoas compartilhassem seus pensamentos. A equipe de cientistas acredita que a pesquisa pode ser ampliada para conectar redes inteiras de pessoas, mesmo que isso soe algo tão estranho quanto disseram há décadas que um dia nós estaríamos conectados por uma rede virtual – a internet.

A técnica funciona com a combinação de Eletroencefalograma, para registrar impulsos nervosos que indicam a atividade cerebral e também a Estimulação Magnética Transcraniana, onde neurônios são estimulados usando campos magnéticos.

Os cientistas apelidaram o feito de BrainNet. Eles dizem que eventualmente um dia as mentes poderão ser conectadas usando a web, da mesma forma que ocorre atualmente com a internet.

Além de abrir novos caminhos, a BrainNet poderia nos ensinar sobre como o cérebro humano funciona em um nível mais profundo: “Nós apresentamos a BrinNet. Até onde sabemos, é a primeira interface direta entre cérebros de forma não invasiva de multipessoas”, disse o pesquisador em publicação científica na Cornel University

“A interface permite que três seres humanos colaborem e resolvam uma tarefa usando a comunicação direta de cérebro para cérebro”, revelou.

Como ocorreu a conexão?

Os participantes foram conectados com eletrodos e estimulados a jogarem o famoso e antigo Tetris. Eles tinham que decidir se cada bloco precisava ou não ser girado. Para fazer isso, dois participantes tiveram que olhar para um dos dois LEDs que ficava piscando em ambos os lados da tela – um piscando a 15 Hz e outro a 17 Hz – o que produzia sinais elétricos diferentes no cérebro – registrados no eletroencefalograma.

Essas escolhas foram então transmitidas para uma única pessoa, através da Estimulação Magnética Transcraniana que poderia gerar flashes de luz na mente do receptor, conhecido na neurologia como “fantasmas de fosfenos”.

O receptor (voluntário que recebia os pensamentos dos outros dois participantes) não podia ver toda a área do jogo, mas ele precisava girar os blocos cada vez que um sinal de luz fosse enviado pelos outros dois participantes conectados ao seu cérebro. 

Em cinco grupos de três pessoas cada, os cientistas atingiram um nível médio de precisão de 81,25% já na primeira tentativa, o que deixou os pesquisadores perplexos. Para tornar o teste mais complexo, os participantes que enviavam o pensamento poderiam adicionar uma segunda rodada de pensamentos, indicando se o receptor tinha feito de fato a escolha certa.

Os receptores conseguiram detectar qual dos remetentes era o mais confiável entre os dois com base apenas na comunicação cerebral, o que para os neurologistas é algo promissor para o desenvolvimento de sistemas que lidam com cenários do mundo real onde a falta de confiabilidade humana é um fator preocupante – como em julgamentos de criminosos, por exemplo, bem como diversas outras aplicabilidades.

E o futuro?

Apesar de ser possível, com o sistema atual, ser transmitido apenas um flash de dados de cada vez, os pesquisadores da Universidade de Washington e da Universidade de Carnegie Mellon, acreditam que a configuração pode ser expandida no futuro. 

Anteriormente, a mesma equipe já havia conseguido conectar dois cérebros humanos onde os participantes jogavam um jogo de 20 perguntas um com o outro. Mais uma vez, os flashes de “fastamas de fosfenos” foram usados para transmitir as informações de “sim ou não”.

Por enquanto, o progresso é lento e o trabalho precisa melhorar e avançar, além de ser abraçado pela comunidade neurocientífica mundial, mas é um vislumbre de algumas maneiras incríveis de enxergar como será o futuro da tecnologia na Terra.

A intenção primordial é, um dia, existir uma rede de cérebros humanos conectados visando resolver problemas e soluções em grupo.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Big Think

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