A pandemia do novo coronavírus obrigou dezenas de países a declarar estado de quarentena, com imposições duras ou orientações restritivas sobre a movimentação e contato físico das pessoas. A medida visa diminuir o número de infectados pelo vírus, evitando colapso no sistema de saúde pela Covid-19.
Apesar de ser uma atitude benéfica, diminuindo a disseminação, defendida não só pela OMS (Organização Mundial da Saúde), como por todos os órgãos oficiais de ciência, além de médicos infectologistas e cientistas, o isolamento social gera enorme impacto em algo pouco comentado: a saúde mental.
Nós publicamos recentemente que psicólogos estão preocupados com a saúde mental das pessoas pelo confinamento e distanciamento social gerado pela Covid-19. Infelizmente, a saúde mental não é um ponto considerado como “tão importante” quanto a saúde física, mas é crucial para mantermos o corpo saudável em tempos difíceis.
O caso ocorreu no município de Rhondda, no País de Gales. Kian tinha apenas 15 anos quando resolveu tirar a própria vida por não suportar a quarentena. Sua mãe, Jolene Southway, comentou que apenas alguns dias de distanciamento social foram suficientes para abalar Kian. “Kian amava a vida. Boris Johnson anunciou a quarentena na segunda-feira e meu filho se foi na sexta-feira. […] Ele dizia que mal podia esperar para que tudo isso acabasse”, disse a mãe.
Segundo ela, apesar de tímido, Kian era muito sociável e adorava estar fora de casa, fazendo atividades livres e tendo contato com os amigos.
“Não esperávamos isso. Conversávamos e incentivávamos as crianças para que conversassem e não escondessem nada. Kian sabia que não haveria problema em dizer que não estava bem, mas ele não disse. Nunca saberemos o motivo”, complementou.
Impacto psicológico quando somos obrigados a nos isolar
De acordo com psicólogos, psiquiatras e cientistas que estudam a saúde mental, a quarentena precisa ser cuidadosamente avaliada, já que as questões de ordem psicológicas não são levadas em consideração em momentos dramáticos como os atuais.
Um estudo realizado na Califórnia com 398 pessoas adultas que ficaram confinadas, mostrou os impactos que existiram nestas pessoas, bem como em seus parentes próximos como filhos e pais. Os resultados foram alarmantes. Cerca de 30% das crianças analisadas, através dos relatórios enviados por seus pais, tiveram Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Nos adultos, 25% declararam que estavam traumatizados com a experiência.
Vários outros estudos associam quarentena ou reclusão com desenvolvimento de problemas emocionais graves como depressão, baixa autoestima, explosão de raiva, exaustão mental e instabilidade.
Durante o surto de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que apareceu na China em 2002, onde também houve necessidade de isolamento em vários países, especialmente na Ásia, 20% das pessoas relataram medo, 18% nervosismo extremo e 18% forte tristeza. Em caso de angústia, desespero, tristeza, ou sentimento de solidão, ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida) através do número 188.
Fontes: Metro UK / The Lancet / Science Direct Fotos: Divulgação / Metro UK