Em 2005, cerca de 215 pessoas foram infectadas com a bactéria Streptococcus suis, em Sichuan, China. Normalmente, este patógeno está relacionado com infecções em suínos, no entanto, na ocasião, em poucas semanas causou a morte de 39 vítimas, tornando-se um dos piores surtos de S. suis já registrados, de acordo com informações da Science Alert.
As razões por trás do incidente eram desconhecidas, até que, agora, pesquisadores na Austrália disseram ter descoberto a origem. Eles esperam que a informação possa ajudar governos a evitarem esse tipo de crise no futuro. Enquanto que nos porcos a bactéria geralmente não causa doenças, para os seres humanos pode ser perigosa, uma vez que a infecção pode resultar em sepse, meningite, surdez e morte.
No caso de 2015, 215 pessoas em 12 cidades da China haviam sido afetadas, caracterizando o surto como geograficamente bem disseminado. No entanto, os cientistas nunca tinham visto uma propagação dessa estirpe específica de bactéria entre humanos em uma área tão ampla. A cepa também foi vista como particularmente mortal, uma vez que matou 30% dos infectados.
“Nossa pesquisa mostra que ela se desenvolveu em porcos de empresas de criação comercial, que foram distribuídos entre centenas de fazendeiros e quintais individuais na província”, explicou o pesquisador Ruiting Lan, da Universidade de New South Wales acrescentando que o abate dos animais disseminou a infecção.
A nova evidência ajuda a explicar como tantas pessoas foram infectadas em diferentes lugares na China e aproximadamente na mesma época. Para descobrir isso, os pesquisadores analisaram o genoma de 95 bactérias encontradas em pacientes e porcos doentes, para saber como essa cepa, em particular, havia evoluído.
De acordo com a investigação, essa evolução ocorreu até o final de 2004, o que sugere que a infecção começou em uma instalação de reprodução em Sichuan. Depois, os animais doentes foram vendidos a agricultores para que pudessem engordar para abate. Ainda, os pesquisadores descobriram que as pessoas afetadas estavam vivendo ao longo das principais estradas e rodovias, por onde os porcos haviam sido transportados e vendidos.
“O surto foi uma consequência imprevista do desenvolvimento econômico da China”, explicou Lan. “Para aumentar a produção de suínos, as empresas usaram raças de suínos importadas e não locais e, em seguida, forneceram amplamente os animais infectados aos agricultores que os criaram em condições de higiene precárias em seus quintais”.
Contudo, os autores do estudo, publicado em Emerging Infectious Diseases, agora acreditam que esse tipo de surto poderá ser limitado no futuro, uma vez que agora conhecemos os fatores de risco.
“Um suprimento de animais livres de patógenos e uma melhor higiene nos ambientes de criação pode ajudar na prevenção”, escreveram. “Alternativamente, o monitoramento de doenças seria uma estratégia de prevenção muito mais eficaz”.
[ Science Alert / NCBI ] [ Foto: Reprodução / Pexels ]