Bolívia aprova uso de alvejante tóxico para prevenção e tratamento da Covid-19

Assembleia Legislativa do país latino-americano deu autorização ao dióxido de cloro para ser usado como tratamento.

de Redação Jornal Ciência 0

Os legisladores na Bolívia aprovaram um alvejante tóxico – que foi falsamente rotulado como uma cura milagrosa – como tratamento para o novo coronavírus.

De acordo com relatos da mídia local, a Assembleia Legislativa do país latino-americano deu “luz verde” ao dióxido de cloro, apesar de relatos de pessoas sendo hospitalizadas e feridas após tomá-lo.


O projeto aprovado permite a “produção, comercialização e fornecimento de solução de dióxido de cloro para prevenção da Covid-19 e como tratamento para pacientes enfermos”.


O dióxido de cloro é normalmente usado como desinfetante ou para branquear produtos de papel, mas nos últimos anos, tem sido aclamado como uma cura milagrosa, capaz de tratar a maioria das doenças e problemas de saúde por teóricos da conspiração e defensores da medicina alternativa.

Chamando-o de “Solução Mineral Milagrosa” ou MMS, a crença está ganhando influência na América Latina, onde os países estão lutando para lidar com a pandemia do novo coronavírus. Houve casos em toda a Bolívia de pessoas hospitalizadas após tomarem dióxido de cloro, relata o portal Business Insider.

O próprio ministério da saúde da Bolívia alertou as pessoas para não tomá-lo e vai processar qualquer pessoa que o produza e venda. Em junho, autoridades médicas reguladoras do país divulgaram nota alertando que o dióxido de cloro “coloca em sério risco a saúde da população que consome ou pretende consumir”.

As duas casas do parlamento boliviano são controladas pelo partido de esquerda MAS, que também controlava a presidência. Mas, o presidente do MAS, Evo Morales, foi deposto no ano passado após alegações de fraude eleitoral, de modo que a função atualmente é exercida pelo governo interino da conservadora oposicionista Jeanine Añez.

Sergio Verdugo, professor associado da Faculdade de Direito da Universidad del Desarrollo, Chile, disse ao Business Insider que, de acordo com a constituição boliviana, Añez pode aprovar ou rejeitar o projeto.

Mas se ela rejeitar, a assembleia legislativa pode anular sua decisão se houver uma “maioria absoluta” de legisladores quando a votação ocorrer.

A aprovação do projeto de lei pode prejudicar as relações entre Añez e os legisladores da Bolívia semanas antes do atraso da eleição presidencial do país, que ocorrerá em 18 de outubro.

A votação foi originalmente agendada para 6 de setembro, mas o presidente a atrasou por temor de disseminação do coronavírus.

Até o momento, houve 4.048 mortes na Bolívia e 100.344 casos de infecção pelo novo coronavírus.

Fonte: Mirror / Business Insider Fotos: Reprodução / Pikabu

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