Astrônomos acreditam ter sido encontrado o segundo maior buraco negro da Via Láctea

de Bruno Rizzato 0

Acredita-se que existam três tipos de buracos negros na galáxia, cada um com tamanho diferente. Agora, um novo estudo publicado na revista Astrophysical Journal Letters afirma ter sido descoberto um quarto tipo de buraco negro dentro da nossa própria galáxia.

O primeiro tipo de buraco negro – buraco negro estelar (BNE) – aparece quando estrelas supermassivas chegam ao fim de suas vidas, não sendo mais capazes de realizar a fusão nuclear. A força gravitacional dirigida ao interior da estrela supera a geração de calor externa, ocorrendo uma implosão catastrófica. Desse processo, resulta uma massa de cerca de dez sóis.

O segundo tipo é representado pelos buracos negros primordiais, puramente hipotéticos nesta fase. Formados pela compactação da matéria presente durante a expansão inicial do Universo, podem ser pequenos como um único átomo, mas sua massa pode ser equivalente à de uma grande montanha.

Buracos negros supermassivos são normalmente encontrados nos corações de galáxias, e são, facilmente, os mais gigantescos. Alguns cientistas pensam que eles crescem pela absorção de buracos negros menores ao longo do tempo, enquanto outros acreditam que eles se formaram a partir do colapso de enormes nuvens de gás do início da formação da galáxia.

O problema com esta categorização de três níveis é que não há espaço para buracos negros de massa intermediária, aqueles com massas entre os estelares e os supermassivos. Em 2014, a descoberta de um desses buracos negros foi reivindicada. Tratava-se de um objeto luminoso chamado X-1, com 400 massas solares, localizado na constelação M82.

Sua massa foi calculada através das emissões de raios X do corpo. Os astrônomos notaram que estas emissões pareciam bater como um tambor, em proporção 3-2, ou seja, 300 vezes por segundo e em seguida, 200 vezes por segundo. A frequência destas “batidas” é inversamente proporcional à massa do buraco negro, portanto, um ritmo de emissão de 150 vezes por segundo, em seguida, 100 vezes por segundo estaria vindo de um buraco negro mais maciço do que um com uma batida de padrão 300 – 200. O X-1 tinha um ritmo de cerca de 5 – 3, ou seja, 3 emissões de raios X por segundo, o que significa que ele teria uma massa de 428 sóis, tornando-se um buraco negro de massa intermediária.

O estudo não estava realmente procurando este tipo de buraco negro, mas aconteceu por acidente durante a pesquisa de uma nuvem de gás enigmática chamada CO-0,40-0,22. Usando os telescópios Nobeyama, no Japão e os radiotelescópios ASTE, do Chile, os pesquisadores notaram que as moléculas de gás na nuvem estavam se movendo a uma velocidade surpreendente, o que significa que algo estava causando sua aceleração. Uma simulação do movimento de gás na nuvem sugeriu a existência de um buraco negro intermediário, cujo campo gravitacional poderoso poderia arremessar partículas pelo espaço.

Caso sua existência seja comprovada, ele pode se tornar o primeiro de seu tipo. Além disso, seu escudo formado por nuvens de gás está presente na própria Via Láctea. Ele também será o segundo buraco negro mais maciço da nossa galáxia, depois de Sagitário A.

No entanto, agora existe uma controvérsia. O X-1 foi detectado com a utilização de poderosas emissões de raios X, e este novo candidato, não. Como não existem referências de buracos negros de massa intermediária para comparação, estes dois estudos podem entrar em desacordo.

Fonte: IFL Science Foto: Reprodução / Tomoharu Oka/Keio University

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