Sagitário A*: Foto inédita faz história ao mostrar buraco negro gigante no centro de nossa galáxia

O buraco negro Sagitário A*, localizado a 26 mil anos-luz da Terra, tem cerca de 4 milhões de vezes a massa do Sol

de Redação Jornal Ciência 0

Esta é a primeira vez que conseguimos uma imagem de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo que fica no centro da nossa galáxia, a Via Láctea

O feito foi possível graças à colaboração do Event Horizon Telescope. A imagem foi formada através de observações em raios-X pelo observatório Chandra, da NASA.

A imagem e os dados coletados fornecem novos insights fenomenais sobre o residente mais importante no coração da Via Láctea. Entre as descobertas, a equipe provou que o eixo de rotação de Sagitário A* está quase apontando diretamente para a Terra. O estudo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

“Ficamos surpresos como o tamanho do buraco negro estava de acordo com as previsões da Teoria da Relatividade Geral de Einstein”, disse o cientista Geoffrey Bower, em um comunicado à imprensa.

A imagem mostra que Einstein estava certo, mais uma vez, porque previu a existência de buracos negros através da sua Teoria da Relatividade Geral, bem como a forma circular desses misteriosos objetos cósmicos. Sagitário A* — o asterisco pronuncia-se “estrela” — não é o mais massivo que existe no Universo, mesmo assim possui mais de 4 milhões de vezes a massa do nosso Sol.

Sombra invisível

Observar um buraco negro não é fácil. Isso porque buracos negros não podem ser “vistos” de fato, já que nada pode escapar de sua força gravitacional monstruosa, nem mesmo a luz.

Portanto, não estamos vendo Sagitário A* diretamente; na verdade estamos vendo as ondas de rádio ao redor dele, sua silhueta, formada pelo disco giratório de gás e poeira que brilha ao serem aquecidos quando acelerados pela enorme força gravitacional.

A imagem, na verdade, é uma espécie de “sombra” do buraco negro projetada em uma espécie de “pano de fundo” formado pelos gases e poeira.

Os buracos negros são cercados por um disco de acreção, um disco giratório plano de gás, poeira e detritos estelares que o orbita, mas sem cair dentro dele. Podemos ver esse disco porque a imensa força da gravidade acelera as partículas giratórias, que acabam se chocando, liberando raios-X e raios gama, permitindo a “luz visível”, permitindo aos cientistas observá-lo.

Então, Sagitário A* está lá, mas o que estamos vendo é como ele distorce a gravidade e, portanto, o plasma quente em torno de si.

Como foi possível?

Mesmo sendo supermassivo e gigante, estando a 26.000 anos-luz de distância, o objeto torna-se extremamente minúsculo de ser observado. Isso equivale ver uma bolacha na Lua a partir da Terra.  Para alcançar essa resolução incrível, você precisa de um telescópio enorme, mas como isso não é possível, usamos a inteligência da Física.

Graças a uma técnica conhecida como Interferometria de Longa Linha de Base, é possível combinar observações de radiotelescópios que estão separados em diversos pontos da Terra, como se todos somados fossem um único telescópio gigantesco.

O Event Horizon Telescope possui observatórios em todo o mundo, da Groenlândia e Antártica à Europa e Havaí, passando pela América do Norte e do Sul. Juntos, eles atuaram como se tivéssemos um telescópio tão grande do tamanho da circunferência da Terra.

Esta colaboração inovadora lançou a primeira imagem histórica do buraco negro M87*, em 2019. Sagitário A* é 1.600 vezes menor que M87*, o que tornou a criação da imagem muito mais desafiadora.

Após 2 anos de análises e processamento dos dados coletados, chegamos à formação da foto inédita e emocionante, um enorme passo da humanidade para o aprimoramento do conhecimento da astronomia e dos segredos dos enigmáticos buracos negros.  

Fonte(s): IFLScience Imagens: Reprodução / Event Horizon Telescope

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