Os astrônomos acabam de detectar uma estrela que rodeia um vasto buraco negro a cerca de 2,5 vezes a distância entre a Terra e a Lua, e que leva apenas meia hora para completar uma órbita.
Para colocar isso em perspectiva, para que a nossa Lua faça uma única volta em torno da Terra, são necessários cerca de 28 dias em uma velocidade de 3.683 quilômetros por hora. Usando dados de uma série de telescópios espaciais, uma equipe de astrônomos mediu os raios X que vêm de um sistema de estrelas binárias chamado 47 Tuc X9, que fica em um conjunto de estrelas a cerca de 14.800 anos-luz de distância.
O par de estrelas não é novo para os astrônomos –elas foram identificadas como um sistema binário em 1989 – mas só agora os pesquisadores estão entendendo este fenômeno. “Durante muito tempo, pensou-se que X9 fosse composto de uma anã branca puxando matéria de um sol de baixa massa“, disse o pesquisador Arash Bahramian. Quando uma anã branca puxa material de outra estrela, o sistema é descrito como uma estrela variável cataclísmica. Em 2015, um dos objetos foi identificado como um buraco negro, deixando essa hipótese em sérias dúvidas.
Dados de Chandra confirmaram grandes quantidades de oxigênio, comumente associados com estrelas anãs brancas. Mas ao invés de uma anã branca estar rasgando uma outra estrela, este fenômeno parece ser um buraco negro tirando os gases de uma anã branca. As anãs brancas são objetos superdensos que normalmente são os remanescentes de uma estrela – pense em algo com a massa do nosso Sol, mas com o tamanho do nosso planeta. Dessa forma, puxar o material de sua superfície exigiria uma gravidade impressionante.
“Nós pensamos que a estrela pode ter ficado perdendo gás para o buraco negro por dezenas de milhões de anos e agora já perdeu a maioria de sua massa“, disse o pesquisador James Miller-Jones da Universidade Curtin e do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia. Porém, o mais surpreendente são as mudanças na intensidade dos raios X, que sugerem que esta anã branca leva apenas 28 minutos para completar uma órbita.”Antes desta descoberta, a estrela mais próxima em torno de qualquer buraco negro era um sistema conhecido como MAXI J1659-152, que está em órbita com um período de 2,4 horas“, disse Miller-Jones.
“Se os prováveis buracos negros em ambos os sistemas tiverem massas semelhantes, isso implicaria uma órbita três vezes maior em tamanho físico do que a que encontramos em X9“. Para colocar em perspectiva, a distância entre os dois objetos em X9 é de cerca de 1 milhão de quilômetros, ou cerca de 2,5 vezes a distância daqui até a Lua. “Encontrar esses raros buracos negros é importante, pois eles não são apenas os pontos finais de estrelas maciças produzidos em explosões de supernovas, eles também continuam a desempenhar um papel na evolução de outras estrelas após suas mortes“, disse Geraint Lewis da Universidade de Sydney.
Para que o buraco negro possa superar a própria gravidade intensa da anã branca, os corpos precisam estar bem próximos. Ao longo do tempo, à medida que o material é removido, a anã branca, agora mais leve, desliza um pouco mais para trás. “Eventualmente tanta matéria pode ser puxada para longe da anã branca que acaba tendo apenas a massa de um planeta“, disse o pesquisador Craig Heinke. “Se continuar a perder massa, a anã branca pode evaporar completamente“, completou.
A pesquisa foi publicada em arXiv.org.
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