Usando lentes gravitacionais e supercomputadores, os astrônomos identificaram o enorme buraco negro, que está entre os maiores já descobertos pela ciência.
Usando um truque do espaço-tempo previsto por Albert Einstein, os astrônomos foram capazes de identificá-lo. Trata-se de um verdadeiro “monstro ultramassivo” com 30 bilhões de vezes a massa do Sol.
O gigante se esconde a 2,7 bilhões de anos-luz da Terra, no aglomerado de galáxias Abell 1201, e só foi revelado através de um enorme arco de luz distorcido pelo campo gravitacional do buraco negro, usando para isso uma galáxia de fundo que serviu como “lente”, permitindo a identificação.
“Ele está no limite superior do quão grande os buracos negros podem, teoricamente, se tornar”, disseram os astrônomos responsáveis pela descoberta, em entrevista à imprensa, de acordo com a Live Science.
Para os astrônomos, encontrar buracos negros tão gigantes é o primeiro passo para que a ciência possa entender como é possível objetos cósmicos alcançarem dimensões tão impressionantes que o cérebro humano tem dificuldade em entender.
Este pode ser apenas o primeiro de muitos “monstros cósmicos inacreditáveis” que os cientistas podem detectar usando a mesma técnica, de acordo com análise do estudo publicado nesta terça-feira (28/03) na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
A Teoria Geral da Relatividade de Einstein explica como objetos tão grandes e massivos conseguem causar uma deformação no chamado tecido do espaço-tempo.
Einstein argumentou que a gravidade não é o resultado de uma força invisível, mas sim a percepção de deformação e distorção do espaço-tempo na presença de matéria e energia.
De acordo com as análises da Teoria Geral da Relatividade de Einstein, a luz viajando por uma região enormemente curva do espaço-tempo, viaja, talvez, de forma curva, dobrando-se e torcendo-se em torno de um espelho gigantesco até formar um arco esticado denominado Anel de Einstein.
Este famoso efeito e processo é conhecido como lente gravitacional, que permite aos astrônomos observar objetos cósmicos escuros que, de outra forma, seriam invisíveis e impossíveis de serem encontrados.
Computadores ultrapotentes usaram essas informações de deformação que a luz sofreu ao ser esticada para formar o arco ao redor do gigantesco buraco negro e determinar seu tamanho.
Usando fotos de alta resolução do Hubble Space Telescope e cálculos do supercomputador DiRAC COSMA8, os pesquisadores estimaram quão enorme o buraco negro teria que ser para dobrar a luz até a quantidade que ela fez.
“A maioria dos maiores buracos negros que conhecemos estão em estado ativo, onde a matéria puxada aquece e libera energia na forma de luz, raios X e outras formas de radiação”, disse o autor do estudo, James Nightingale, astrofísico da Universidade de Durham, no Reino Unido.
“Entretanto, a lente gravitacional possibilita o estudo de buracos negros inativos, que não se alimentam e, portanto, não produzem luz, o que não é possível em galáxias distantes no momento”, salientou.
O colossal buraco negro tem 30 bilhões de massas solares, tornando-o quase 8.000 vezes maior do que o buraco negro supermassivo no centro da nossa Via Láctea.
O maior buraco negro já descoberto é o TON 618, que tem uma massa aproximada de 40 bilhões de massas solares.
Examinar buracos negros enormes pode ajudar os cientistas a compreender como estes gigantes cósmicos chegaram a tamanhos tão inacreditáveis e estudar como estes monstros influenciam a evolução do universo.
Fonte(s): Live Science Imagem de Capa: Reprodução / ESA / Hubble