Alemanha encalhará navio no gelo por um ano em “maior expedição científica ao Polo Norte”

de Julia Moretto 0

Polarstern, um navio de pesquisa com 120 metros de comprimento, poderá encalhar e flutuar no mar de gelo do Polo Norte. A viagem que possui 2.500 quilômetros deve começar em 2019 e ter duração de um ano.

 

Os especialistas querem reunir informações sobre a região cujo clima vem sofrendo tantas alterações. No mês passado, o local registrou a menor já registrada, com temperaturas acima da média de longo prazo. “A redução do gelo do Ártico vem ocorrendo muito mais rapidamente do que os modelos climáticos podem prever, então precisamos de modelos melhores para ter previsões mais precisas para o futuro“, explicou o professor Markus Rex, que coordenará o projeto MOSAiC.

 

Há uma previsão de que em poucas décadas o Ártico não tenha mais gelo no verão. Esse seria um mundo diferente e precisamos saber disso antecipadamente; precisamos saber se isto vai ou não ocorrer“, completou. O pesquisador alemão do Instituto Alfred Wegener, em Bremerhaven, explicou que a expedição terá o custo de R$ 207 milhões. O trabalho será financiado por parceiros internacionais estratégicos, como Reino Unido, Rússia, China e Estados Unidos.

 

Estamos embarcando vários equipamentos: muitos contêineres com instrumentos de medição, sensores de uso remoto para serem instalados no local”, disse Rex. “Vamos coletar amostras de água, gelo e ar, além de instalar acampamentos no mar gelado próximo ao Polarstern e a até 20-30 quilômetros de distância. E toda a instalação vai ficar à deriva pelo Ártico. Isto vai nos dar novas e fascinantes informações sobre o sistema climático“, completou.

 

A equipe planeja instalar uma pista de decolagem para que um avião ajude o Polarstern. Essa expedição será difícil para os cientistas, principalmente durante o inverno, quando o Sol não aparece. Além disso, os pesquisadores precisarão estar em alerta devido à presença de ursos-polares.

 

O aquecimento do Ártico significa que o contraste existente entre o Polo Norte e nossas latitudes será reduzida no futuro. Isto significa que o ar gelado do Ártico poderá chegar às nossas latitudes, e o ar mais quente de latitudes baixas, ao Polo Norte. Isto certamente provocará um grande impacto no clima“, disse.

[ BBC ] [ Foto: Reprodução / BBC ]

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