Além da microcefalia, Zika vírus pode estar relacionado com morte fetal

de Merelyn Cerqueira 0

O Zika Vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, já estava sendo associado a casos de microcefalia. No entanto, de acordo com um relato publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases, cientistas revelaram que o parasita também pode estar relacionado aos bebês natimortos – que morrem dentro da barriga ou no parto – graças à falta de tecido cerebral e a uma perigosa acumulação de fluido em partes do corpo.

De acordo com o Dr. Albert Ko, da Universidade de Yale e coautor do estudo, essa descoberta levanta ainda mais algumas preocupações sobre a presença do vírus no feto que agora pode estar associada à morte. O Zika se espalhou rapidamente pela América Latina e aumentou a preocupação mundial depois que muitas mulheres brasileiras deram à luz crianças com microcefalia, condição que faz com que os bebês nasçam com uma malformação cerebral.

O relato, ao apontar para bebês natimortos, sugere que isso seja consequência de outra complicação, chamada de hidropsia fetal, que se trata de um acúmulo de fluido no corpo do feto. Se vista através de ultrassom, de imediato, não pode ser atribuída ao Zika só por se tratar de mais uma anormalidade cerebral. No entanto, no caso relatado, sugeriu que “poderia se tratar de uma infecção sistêmica do feto em que não somente o cérebro, mas outras partes do corpo desenvolveram a condição”, conforme a Dr.ª Sallie Perman, professora da Duke University School of Medicine, disse à Associated Press.

No ultrassom do natimorto em questão, não foram encontrados sinais de problemas até a 14ª semana de gravidez. Porém, na 18ª semana, o ultrassom mostrou que o feto estava abaixo do peso, e até a semana 30 foram encontrados mais defeitos, incluído microcefalia e hidropsia fetal. Duas semanas depois, o feto morreu. Posteriormente, os médicos, detectaram a presença do Zika no tecido cerebral do bebê e no líquido amniótico. “É necessário um trabalho adicional para entender se esse é um caso isolado ou se o Zika Vírus realmente pode estar associado à hidropsia fetal”, disse Dr. Ko.

De acordo com o médico Antônio Raimundo de Almeida, diretor do Hospital Geral Roberto Santos e professor da Universidade Federal da Bahia, os pesquisadores estiveram tão ocupados investigando a relação do Zika com a microcefalia, que acabaram “deixando de lado os casos de aborto”, disse em uma entrevista concedida ao G1. O caso da gestante que deu à luz um bebê morto aconteceu em Salvador, na Bahia, e a pesquisa foi realizada por brasileiros e americanos, em uma parceria entre a Universidade de Yale, UFBA, Fiocruz e do Hospital Geral Roberto Santos.

[ Daily Mail ] [ Foto: Divulgação / Wikipédia ]

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