Ter um animal de estimação ajuda a prevenir obesidade e alergias em crianças

de Julia Moretto 0

Deixar os bebês em contato com os animais de estimação pode ajudar a reduzir o desenvolvimento de alergias e obesidade durante a vida, de acordo com um novo estudo.

Os pesquisadores descobriram que os bebês de famílias com animais de estimação são mais propensos a ter altos níveis de Ruminococcus e Oscillospira– dois micróbios que têm sido associados a redução de alergias e obesidade – e a exposição benéfica pode ser transferida até mesmo para o bebê enquanto está no útero.

Em outras palavras, a presença do animal na casa durante a gravidez pode oferecer vantagens microbianas intestinais para a criança não nascida.

“Definitivamente há uma janela crítica de tempo quando a imunidade intestinal e os micróbios se desenvolvem e quando as interrupções no processo resultam em mudanças na imunidade intestinal”, diz a epidemiologista pediátrica Anita Kozyrskyj da Universidade de Alberta, no Canadá. 

A equipe de Kozyrskyj analisou amostras de fezes coletadas de 746 crianças que faziam parte do estudo canadense de desenvolvimento saudável infantil (CHILD), que recrutou mulheres durante a gravidez entre 2009 e 2012.

Mais da metade das crianças deste grupo foram expostas a pelo menos um animal enquanto no útero e/ou após o nascimento, sendo que 70% dos animais de estimação eram cães. 

Quando as amostras fecais dos bebês expostos foram comparadas com amostras de bebês que não viviam em uma casa com um animal de estimação, seus níveis dos micróbios Ruminococcus e Oscillospira benéficos eram significativamente maiores.

“A abundância dessas duas bactérias foi aumentada duas vezes quando havia um animal de estimação na casa”, disse Kozyrskyj.

A evidência sugere que a exposição a quantidades pequenas de bactérias ​​quando criança pode deixar os indivíduos menos suscetíveis a desenvolverem problemas de saúde, como a asma. Kozyrskyj observou os efeitos benéficos para a saúde da posse de animais de estimação em bebês em um estudo anterior publicado em 2013, mas que envolvia apenas 24 crianças. 

Com a equipe encontrando os mesmos benefícios agora em uma amostra muito maior, é possível entender os benefícios da presença de animais de estimação na saúde das crianças– e não apenas em conta do microbioma intestinal.

Animais de estimação ajudam no desenvolvimento social das crianças com autismo, reduzem a ansiedade,o estresse e proporcionam uma melhor companhia do que irmãos. 

Segundo Kozyrskyj, no futuro será possível criar os benefícios microbianos que animais naturalmente fornecem.”Não é exagerado que a indústria farmacêutica tente criar um suplemento desses microbiomas”, diz Kozyrskyj. Os resultados foram relatados em Microbiome.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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