Precisamos utilizar a empatia para combater os mitos sobre saúde

de Julia Moretto 0

Os pesquisadores concluíram que quando se trata de comunicar a Ciência por trás de questões polêmicas de saúde, é necessário ter empatia antes de compartilhar a mensagem.

 

Seja promovendo os méritos da vacinação ou do flúor em nosso abastecimento público de água, pode ser difícil competir com explosões emocionais de uma comunidade ansiosa, tornando as conversas baseadas em fatos uma impossibilidade virtual. Uma investigação realizada pelo Instituto Sax na Austrália destaca os desafios enfrentados por funcionários de saúde pública no mundo “pós-verdade”, cheio de opiniões e desinformação.

 

Muitas vezes se supõe que as emoções de um público medroso impeçam que políticas de saúde efetivas funcionem. “Nossa pesquisa sugere tentar fechar esta crítica, especialmente porque é quase impossível controlar efetivamente o fluxo de informações nas mídias sociais“, diz uma integrante da equipe, Claire Hooker. É comumente entendido que combater a má informação com boa informação também é contraproducente, graças a uma peculiaridade psicológica chamada de efeito de retrocesso.

 

Como espécie social, tendemos a aceitar as informações apenas quando identificamos sua fonte como “um de nós”, o que muitas vezes nos leva a priorizar ideias que já confirmam nossas crenças sobre aquelas que as contradizem. De fato, ouvir informações críticas de alguém em quem não confiamos pode fazer com que reforcemos nossos pontos de vista, tornando quase impossível mudar as opiniões apenas com fatos.

 

Onde a preocupação pública sobre uma medida de saúde controversa é considerada alta, apesar dos riscos reais serem relativamente baixos, os pesquisadores sugerem começar com empatia antes de entrar com argumentos. A pesquisa mostra que quando as pessoas são emocionais sobre uma questão, têm mais dificuldade de ouvir e processar informações, e são mais propensas a prestar atenção às informações negativas“, diz Hooker. “É por isso que a regra de ouro da comunicação de risco bem-sucedida é que as pessoas precisam ouvir que você se importa antes que elas se preocupem com o que ouvem“.

 

Como exemplo, o estudo sugere reconhecer os desafios envolvidos na criação de uma criança com autismo antes de refutar afirmações de ligações entre a condição e vacinas. O relatório, publicado na íntegra em Public Health Research & Practice, discute uma série de processos e ações que determinam se uma estratégia de comunicação terá êxito ou falha. O relatório também aconselha a ser transparente sobre a incerteza na política, afirmando claramente o que é e não é conhecido sobre os resultados de uma medida, e argumenta que as próprias ações trazem mensagens muito mais claras do que palavras.

 

Por último, o estudo indica que os funcionários de saúde pública falem diretamente com a comunidade com o uso de mídia local e social, em vez de representantes ou porta-vozes nos canais tradicionais. Desta forma, as comunidades locais sabem que as autoridades têm integridade, são competentes e podem ser confiáveis ​​– a chave para tranquilizar as pessoas e reduzir a indignação“, diz Hooker. A pesquisa foi publicada em Public Health Research & Practice.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ] 

Jornal Ciência