Poderia uma vacina de cetamina prevenir estresse pós-traumático?

de Redação Jornal Ciência 0

A cetamina pode prevenir transtorno de estresse pós-traumático, afirmam os cientistas. Uma única dose da droga ilegal uma semana antes de um evento estressante pode amortecer a resposta do organismo, segundo um novo estudo.

 

O achado surpreendente vem em meio a um impulso da indústria médica para testar ecstasy e LSD como terapias potenciais para tratar depressão e autismo. Cetamina é uma droga “Nível III” nos Estados Unidos, ao lado dos esteroides anabolizantes e da testosterona. No Reino Unido é uma droga “classe B”, como maconha, codeína (morfina) e anfetaminas.

 

Enquanto em muitos países é considerada como droga ilegal, também pode ser usada como um tranquilizante para cavalos. No entanto, a substância – comumente usada como um anestésico geral ou um antidepressivo de ação rápida – está sendo testada para uma potencial vacina para estresse pós-traumático (PTSD).

 

Cetamina é uma droga poderosa, e nós não defenderíamos seu uso difundido para impedir ou reduzir sintomas de TEPT” disse a líder do estudo Christine Denny, professora assistente da Neurobiologia Clínica na Universidade de Colômbia. Mas se nossos resultados em ratos se traduzem em seres humanos, dar uma dose única de cetamina em vacina poderia ter grande benefício para as pessoas que são altamente susceptíveis a experimentar estresses significativos, como militares ou trabalhadores pronpensos a entrar em Zonas de Conflitos“. Existem poucas terapias eficazes para prevenir ou tratar TEPT, um transtorno de ansiedade que ocorre em cerca de um quarto dos indivíduos que experimentam trauma psicológico.

 

Os sintomas de TEPT incluem reviver o trauma, experimentando flashbacks repetidos e hiperatividade, assim como mudanças de comportamento e sintomas físicos crônicos tais como dor de cabeça. A probabilidade de os sintomas se desenvolverem depende da natureza e intensidade do trauma e da resposta do indivíduo. Estudos anteriores, tanto em seres humanos quanto em animais, demonstraram que dar cetamina antes do trauma pode ajudar a reduzir os sintomas relacionados ao estresse. Contudo, não ficou claro quão anteriormente o fármaco deve ser administrado a um episódio traumático para maximizar os efeitos protetores.

 

No presente estudo, cobaias receberam uma pequena dose de cetamina via intravenosa ou um placebo por um mês, uma semana ou uma hora antes de serem sujeitos a uma série de pequenos choques. Os ratos – condicionadosa associar o ambiente de teste com os choques – foram mais tarde devolvidos ao mesmo ambiente e avaliados pelo seu comportamento de “congelamento”, uma medida da resposta ao medo condicionado. Apenas os ratinhos que receberam cetamina uma semana antes exibiram congelamento reduzido quando foram devolvidos ao ambiente de teste.

 

Nossas descobertas indicam que o momento da administração de cetamina é crítico para bloquear a expressão do medo“, disse a autora principal, Josephine McGowan, doutora em Neurobiologia e Comportamento na CUMC. Não se sabe se há uma janela intermediária, entre uma semana e uma hora, em que a cetamina também teria um efeito protetor. Os pesquisadores também descobriram que dar cetamina imediatamente após o estressor não afetou a resposta do medo dos animais.

 

No entanto, dar cetamina uma hora após um segundo choque reduziu a expressão do medo, sugerindo que pode haver outra janela após o trauma inicial em que o fármaco pode ser eficaz. A equipe de Dr.ª Denny está estudando atualmente como a cetamina funciona no cérebro para influenciar a resposta ao estresse. Os pesquisadores do CUMC esperam estudar o uso profilático de cetamina em humanos, idealmente em militares.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail / Wikimedia ]

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