Por centenas de milhares de anos, nossa percepção ajudou a moldar a capacidade cognitiva, permitindo-nos evoluir para seres sociais e empáticos.
No entanto, essa mesma percepção é capaz de alterar nossa expectativa de realidade que, como ficou provado através de inúmeras ilusões de ótica, nem sempre é o que pensamos ser.
Recentemente, pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) nos lembraram o quão pouco confiável nossa percepção pode ser.
Como parte de um concurso anual de ilusão de ótica promovido pela Neural Correlate Society, cientistas desenvolveram uma ilusão simples, que envolve dois pontos vermelhos em um mapa, mas pode mostrar como o seu cérebro funciona.
Os dois pontos, conforme mostra o vídeo abaixo, correm por um mapa móvel da cidade de Tóquio. A princípio, parece que o ponto vermelho está perseguindo o azul, mas, cerca de 30 segundos depois, parece que a situação é invertida.
No entanto, o ponto vermelho é o estacionário enquanto que o azul se move em torno dele em uma animação repetida.
No fundo, o mapa também se move, mudando sua posição. É no momento em que os pesquisadores invertem a direção do mapa, no meio do experimento, que faz parecer que o ponto azul começa a perseguir o vermelho.
Basicamente, a ilusão mostra como nosso cérebro atribui características humanas como “intencionalidade” e “animação” a objetos inanimados.
“Embora os pesquisadores tradicionalmente se concentrem nos movimentos dos objetos, o que pode realmente importar é como esses objetos se movem em relação à cena circundante”, explicou o autor do estudo, Benjamin van Buren. “Aqui demonstramos como um movimento que sinaliza a animação em um contexto pode ser percebido de maneira radicalmente diferente no contexto de outra cena”.
A segunda metade do vídeo mostra o movimento dos pontos quando colocados sobre um fundo preto, então, fica mais fácil entender que o ponto vermelho não está se movendo, enquanto o disco azul periférico se move ao redor dele ao acaso.
De acordo com os autores da ilusão, os principais objetivos do estudo, que foi publicado no Journal of Vision, eram identificar pistas que desencadeiam a percepção de perseguição, quantificar sua influência e avaliar objetivamente a precisão dessa forma de percepção.
Para isso, os pesquisadores dividiram os participantes de um experimento em dois grupos. O primeiro grupo viu o movimento do fundo como se os discos estivessem se movendo em conjunto, com o disco vermelho sempre atrás do azul. Já para o segundo, o fundo moveu-se ao longo do vetor central para o disco periférico.
Enquanto o primeiro grupo relatou perceber o ponto vermelho como perseguidor do azul, o segundo experimentou o inverso.
De acordo com a Neural Correlate Society, estudar ilusões como essa ajuda a aprofundar nossa compreensão da percepção sensorial e ampliar o que já sabemos sobre doenças visuais e neurológicas.
Fonte: IFL Science Fotos: Reprodução / IFL Science