Os dispositivos intrauterinos (DIU) fornecem anticoncepção eficaz e podem até reduzir o risco de câncer, mas quando seu efeito acaba e o descarte não é realizado, podem oferecer alguns problemas de saúde.
Um desses riscos tornou-se realidade para uma mulher cujo DIU foi deixado por 20 anos, levando a uma infecção grave conhecida como actinomicose.
Depois de sentir dores abdominais e febre, a paciente foi ao hospital onde os médicos constataram que o DIU havia infeccionado e estava cercado de bolsas de pus, desencadeadas pela bactéria Actinomyces israelii.
Felizmente, a infecção regrediu após ser tratada com antibióticos — mas o relato do caso, publicado na revista científica médica New England Journal of Medicine, demonstra a importância de substituir o DIU antes de sua data de validade.
A mulher em questão tinha 54 anos e há alguns meses vinha sofrendo de perda de peso, dores, febres e dificuldade para andar antes de dar entrada no pronto-socorro.
Um exame físico revelou um caroço no quadrante inferior esquerdo de seu abdômen, que estava sensível ao toque, então os médicos pediram uma tomografia computadorizada e exames de sangue. A infecção havia se espalhado além da pelve e na articulação do quadril esquerdo.
As bactérias Actinomyces israelii são encontradas no trato vaginal, mesmo em mulheres saudáveis, mas nas condições certas (ou erradas), elas podem cruzar um certo limite reprodutivo e formar uma infecção conhecida como actinomicose.
A bactéria é caracterizada por grânulos cor de enxofre e, embora seja uma condição desagradável, crônica e às vezes séria, pode ser tratada com uma série de antibióticos.
O DIU em questão era de plástico e deveria ter sido retirado após 5 anos de uso, o que significa que a paciente estendeu 15 anos além da data limite sem retirar o dispositivo.
Em geral, os DIUs de maior duração são os de espirais de cobre que precisam ser substituídos antes de completar 12 anos. Além de aumentar o risco de infecções como a actinomicose, um DIU vencido também se torna ineficaz como forma de prevenir gravidez.
“A actinomicose pélvica ocorre em mais de 85% dos casos em que o DIU foi usado por mais de 3 anos, e é mais comum em usuárias de DIU de plástico do que de cobre”, disse a autora do estudo Noriko Arakaki em entrevista ao Gizmodo.
“É importante que o paciente entenda que o DIU deve ser usado de maneira adequada, que consultas ambulatoriais regulares são necessárias e que deve ser substituído no momento apropriado”, salientou a pesquisadora.
Fonte(s): IFLScience Imagens: Reprodução / JRP STUDIO / Shutterstock.com