A mãe da estudante Chelsea Jackson de 20 anos, ficou chocada e de coração partido após sua filha morrer 19 dias depois de ser diagnosticada com amigdalite. A garota, de Wolverhampton, na Inglaterra, teve uma dor de garganta logo após o Natal.
Incomodada com seu quadro, resolveu visitar os médicos, que a diagnosticaram com amigdalite, receitando antibióticos. Porém, a saúde de Chelsea deteriorou-se rapidamente e ela acabou internada na UTI do hospital.
Chelsea não conseguia mais comer ou engolir e seus olhos ficaram totalmente amarelados enquanto ela lutava para respirar. Assim, os médicos ficaram perplexos após finalmente diagnosticá-la com Linfo-Histiocitose Hemofagocítica (HLH), também conhecida como síndrome hemofagocítica, uma condição imunológica rara que oferece um grave risco à vida, causando falência de órgãos e destruição das células saudáveis.
A condição de Chelsea foi tão forte que nada pôde ser feito pelos médicos. Então, ela morreu como resultado direto de HLH secundária, que pode ter sido provocada por sua amigdalite. Sua mãe, Nicki, de 41 anos, ficou devastada, e a irmã mais velha, Lauren, resolveu compartilhar sua história para que as pessoas tomem conhecimento sobre a condição rara e possam fazer algo a respeito.
“Chelsea nunca ficava doente, por isso quando ela começou a se queixar de uma dor de garganta, nós apenas achamos que ela tinha pego um resfriado. Ao longo dos próximos dias, a dor rapidamente se agravou, fazendo-a visitar uma clínica de emergência. Foi lá que ela foi diagnosticada com amigdalite”, relatou a irmã.
Porém, segundo ela, alguns dias depois dela ter sido medicada, pus branco começou a se formar em sua garganta. Ela resolveu voltar ao hospital, onde recebeu fortes antibióticos por 10 dias.
Com o quadro piorado, em sua terceira visita ao local ela precisou ser internada. “Não tínhamos ideia de como as coisas poderiam ficar sérias. A amigdalite é uma doença comum e todos normalmente se recuperam, mas seu corpo não estava respondendo à medicação. Era de partir o coração vê-la com tanta dor. Os médicos, inicialmente, pensaram que ela poderia ter febre glandular, após um nódulo ter sido encontrado em seu pescoço, antes do Natal. Ninguém esperava que ela fosse morrer, foi horrível termos que nos despedir. Era cedo demais e ela ainda tinha muita vida pela frente”, contou Nicki, mãe de Chelsea.
Sem poder comer, beber e com dificuldades para respirar, os médicos resolveram realizar transfusões de sangue, como uma tentativa para estabilizar sua condição, mas nada funcionou. “Não havia mais nada que o hospital pudesse fazer para salvar Chelsea. Era hora de desligar sua máquina de suporte de vida. Tivemos uma bênção no dia 17 de janeiro, e ela faleceu em paz comigo, sua irmã, Lauren, e seu pai, Scott, todos ao lado de sua cama”, relatou Nicki.
A família realizou seu funeral 17 dias mais tarde e agora está fazendo todo o possível para criar uma instituição de caridade em nome de Chelsea. “Nós éramos e somos uma família extremamente unida e estamos determinados a manter sua memória viva através da criação de uma instituição de caridade. Quanto mais as pessoas reconhecerem o HLH, mais chances elas terão. Não sabemos que essa condição havia afetado Chelsea se ela não tivesse se sentido mal com a amigdalite e esperamos que sua história ilustre como isso pode acontecer a qualquer um”, acrescentou Lauren, sua irmã.
A Linfo-Histiocitose Hemofagocítica (HLH)
A Síndrome hemofagocítica é uma condição rara, relacionada à hiperativação imunológica. Ela desencadeia um estado hiperinflamatório, causando febre alta por um longo período de tempo (mais de sete dias), hepatoesplenomegalia, citopenias, e em alguns casos confusão mental e convulsões. A origem da HLH pode ser genética ou secundária – como foi o caso de Chelsea -, aparecendo devido a quadros infecciosos, reumatológicos, malignos ou metabólicos.
A síndrome é causada pela ativação excessiva de linfócitos e macrófagos, produzindo níveis muito elevados de citocinas. Mesmo com muitos sinais e sintomas associados, existem diversas variações clínicas que podem acontecer, tornando o diagnóstico algo muito complicado. Assim, o tratamento pode ser demorado, colaborando para a evolução do problema, aumentando a taxa de mortalidade da síndrome.
O tratamento depende do descobrimento rápido da condição, pois em poucos meses pode haver a morte de pacientes não tratados. Quando o caso é crítico, a mortalidade chega a 95% em não tratados, que aguentam a doença por apenas 1 a 2 meses. Porém, nos casos secundários – como Chelsea – e em pacientes clinicamente estáveis, o tratamento pode focar no vírus ou infecção que causou o problema, além de imunoglobina endovenosa. “Em pacientes com síndrome de ativação macrofágica associada a doenças reumatológicas, o tratamento com dexametasona é suficiente para remissão dos sintomas”, escreveu Rodrigo Brandão Neto, médico assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, em um artigo.
Segundo o especialista, existem casos que até podem afetar o sistema nervoso. “Em pacientes sem resposta ao tratamento adequado, deve ser considerada a indicação de transplante de medula óssea, principalmente se o fator precipitante for a neoplasia hematológica, sem perspectivas de cura ou em recidiva da doença”, concluiu Rodrigo.
[ Mirror / Medicina Net ] [ Foto: Reprodução / Mirror ]