A norte-coreana Hyeonseo Lee, que com apenas sete anos testemunhou uma execução, acredita que Kim Jong-un lançaria armas nucleares contra seus inimigos como última posição. “No último minuto, quando ele descobrir que vai perder todo o seu poder, ele definitivamente vai usá-lo”, disse Hyeonseo em entrevista ao MailOnline.
Hyeonseo, agora com 37 anos, contou como a maioria dos norte-coreanos são levados a acreditar na propaganda do regime e como são forçados a comparecer nos desfiles militares. “É tão cansativo [ver os desfiles] que enfraquece seus ossos e articulações … você não pode sequer vê-los em casa, você tem que ir pessoalmente se estiver vivendo em Pyongyang. Mesmo se você quiser ir ao banheiro, não pode, então tínhamos que fazer xixi em nossas calças”, contou Hyeonseo.
A Coreia do Norte desafiou as sanções da ONU ao ameaçar lançar testes semanais de mísseis nucleares e alertou o presidente Donald Trump de que atacará a América caso haja alguma provocação. Neste fim de semana, Kim Jong-un exibiu foguetes balísticos, tanques e suas unidades de forças especiais nas ruas de Pyongyang em uma demonstração de força contra Trump – que se recusou a descartar um ataque preventivo.
Da segurança de sua nova casa na capital da Coreia do Sul, em Seul, onde vive há oito anos, Hyeonseo diz que seus os norte-coreanos são levados a acreditar que Kim comanda a mais poderosa força militar na Terra. “A maioria das pessoas no país não sabe sobre o poder dos Estados Unidos. Elas acham que as armas da Coreia do Norte são as melhores do mundo e estão muito orgulhosas delas. Elas acreditam que podem proteger o país”, contou.
Ela também revelou como milhares de pessoas compareceram no desfile anual do Dia do Sol. “É tudo por elogiar o líder supremo [Kim], não pela unidade”, disse ela. “As pessoas na multidão estão cansadas disso [participar do desfile]. Elas ainda estão orgulhosas do exército, mas não querem participar desses eventos”.
Atualmente Hyeonseo considera a Coreia do Norte como o país “mais horrível da Terra”, mas ela já pensou que ele era o mais grandioso, da mesma maneira que os patriotas acreditam. Em 1995, quando Hyeonseo tinha 15 anos, ela viu as pessoas morrerem de fome e corpos espalhados pelas ruas de Hyesan, na província de Ryanggang.
A história de Hyeonseo
“Eu vivia perto da fronteira com a China e era o único país que eu podia comparar com o meu”, contou. “Quando olhei para o outro lado do rio, era um mundo completamente diferente – não havia pessoas morrendo. Parecia um lugar cheio de cores e foi isso que me confundiu”.
Em 1997, com 17 anos, Hyeonseo viajou sozinha pelo rio congelado Yalu para a China, onde viveu com parentes distantes como imigrante ilegal por dez anos antes de entrar na Coreia do Sul como refugiada. Uma vez estabelecida e matriculada em um curso de graduação, ela correu o risco de ser executada por entrar novamente na Coreia do Norte para resgatar sua mãe e seu irmão – que estuda na Universidade de Columbia, em Nova York.
Ela os levou para Laos, no Vietnã, já que a China, historicamente, é um dos aliados mais ferozes da Coreia do Norte e não aceita seus cidadãos como refugiados. Ela enganou as autoridades chinesas fingindo que sua mãe e seu irmão eram surdos e mudos, mas quando se aproximaram da capital do Vietnã, Vientiane, sua família foi presa.
Incapaz de pagar os subornos para salvá-los, ela estava à beira das lágrimas em um café até que foi abordada por um homem australiano chamado Dick Stolp, que pagou a libertação de sua família.
[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]