Inglaterra se recusa a aceitar pedido para proibir os pais de bater em crianças

Não será proibido bater em crianças na Inglaterra, já que o governo britânico se recusou a atender aos apelos dos outros países que fazem parte do Reino Unido

de REDAÇÃO JORNAL CIÊNCIA 0

Surgiu controvérsia sobre a decisão do Reino Unido de não determinar, explicitamente, as palmadas em crianças como forma de abuso infantil ou um tipo de delito criminal.

Os castigos físicos contra crianças foram proibidos apenas no País de Gales, Escócia e na Ilha Jersey. De acordo com a BBC News, instituições de caridade infantil “convocaram” a Inglaterra a tomar a mesma atitude, mas o país se recusou.

O Departamento de Educação Britânico declarou que eles não apoiam nenhuma forma de violência contra crianças e têm leis rígidas em vigor para impedi-la. A declaração veio depois que o governo confirmou que não mudará sua posição sobre o assunto em relação as “palmadas”.

Os defensores estão criticando publicamente a decisão do governo. Organizações infantis, como a NSPCC, expressaram preocupação com a falta de proteção igualitária dada às crianças no Reino Unido. A NSPCC destacou que, embora seja ilegal bater em um adulto, a mesma proteção não é concedida às crianças.

Colocar o bem-estar das crianças em primeiro lugar é prioridade máxima para estas instituições, já que consideram existir uma “anomalia legal” onde é proibido bater em adultos, mas em crianças, não.

Uma pesquisa recente realizada por uma plataforma do governo britânico, com participação de 3.000 adultos com mais de 18 anos, revelou que 68% das pessoas se opõem à ideia de disciplinar fisicamente as crianças.

No ano passado, em março, o País de Gales reformou a Lei da Criança de 2004. Como resultado, 64% dos residentes na Inglaterra pediram uma mudança na lei para proporcionar às crianças a mesma proteção que os adultos.

Dame Rachel de Souza, Comissária da Criança, expressou que o governo da Inglaterra deveria seguir a Escócia e o País de Gales na proibição de castigos corporais.

Mas, o Secretário de Educação, Nadhim Zahawi, declarou que os pais devem ter o direito de disciplinar seus filhos conforme julgarem apropriado.

Em entrevista à Times Radio, ele expressou sua firme convicção de que os pais devem ter o direito para disciplinar seus filhos e que eles têm o direito de fazer isso como acharem necessário.

Em uma declaração recente, foram levantadas preocupações sobre a possibilidade de o Estado ultrapassar seus limites e interferir na maneira como os pais criam seus filhos. O orador do Parlamento enfatizou a importância de evitar um futuro em que o governo assuma um papel de “babá” na criação dos filhos.

O que a ciência diz?

Novas pesquisas sugerem que o castigo físico pode ter efeitos negativos sobre o comportamento de uma criança. Isto contradiz a crença de que bater pode melhorar o comportamento de uma criança.

Estudo recente publicado na The Lancet descobriu que o castigo físico não leva a nenhum resultado positivo, de acordo com todas as análises feitas.

Os pesquisadores revisaram mais de 69 estudos e descobriram que, bater, aumenta o risco de violência severa ou negligência em relação às crianças, o que pode levar a sérias consequências físicas, traumas e abusos.

Elizabeth Gershoff, a autora sênior do trabalho, declarou que não há evidências que apoiem a eficácia do castigo físico para crianças.

Os novos estudos são claros em demonstrar, cientificamente, que bater em crianças não tem efeito educativo, impactando diretamente de forma negativa no bem-estar geral, no desenvolvimento cognitivo e comportamental, além de poder gerar sérios traumas psicológicos. 

Fonte(s): LAD / BBC News Imagem de Capa: Reprodução / LAD

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