Abutre macho surpreende pesquisadores ao colocar um ovo

de Merelyn Cerqueira 0

Harold é um abutre-fouveiro (Gyps fulvus) que vive em um santuário de aves em Kent, na Inglaterra, chamado Eagle Heights Wildlife Foundation.

Ele foi considerado um animal muito estranho quando recentemente fez manchetes em todo mundo após botar um ovo, embora há 20 anos os pesquisadores tenham acreditado que era um macho, segundo informações da IFLScience.

Ao contrário de muitas espécies de aves, os abutre-fouveiros (ou simplesmente grifos) masculinos e femininos são fisicamente idênticos. Logo, determinar o gênero de um indivíduo de fato exige um exame de DNA.

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Quando a Eagle Heights adquiriu Harold na década de 90, disseram se tratar de um macho com base nos resultados de um exame realizado quando ainda era filhote. Nos anos seguintes o animal não deu motivos para que os pesquisadores levantassem suspeitas a respeito de seu gênero – mas isso até esta semana.  

Por meio de um post no Facebook, a Eagle Heights anunciou que funcionários do santuário tinham descoberto que Harold havia botado o seu primeiro ovo. Nos últimos anos, Harold havia sido alojado junto a outros pássaros, até que os funcionários decidiram deixá-lo passar um inverno aconchegante em um píer.

Semelhante às galinhas, os abutres colocam ovos não fertilizados e na ausência de um companheiro – mas apenas em determinadas condições.

“É improvável que as aves estressadas botem ovos em cativeiro ou na natureza”, explicou Jemima Parry-Jones MBE, diretora do Centro Internacional de Ave de Rapina à IFLScience.

Aparentemente, o novo ambiente, com maior privacidade, inspirou Harold a botar seu primeiro ovo. Recuperada do choque inicial, agora a equipe de Eagle Heights espera encontrar um companheiro para o abutre fêmea.

Eles são imponentes pássaros que atingem envergaduras de até 2,8 metros de comprimento e podem viver até 40 anos em cativeiro. Eles são encontrados em bons números em toda a Europa, Ásia e Oriente Médio.

“Se vai ficar assim [fora de perigo de extinção], é outra questão”, disse Parry-Jones. “As turbinas eólicas matam mil por ano, mas o trabalho está sendo feito usando rastreamento de radar para que as turbinas possam ser desligadas quando as aves estão migrando. Linhas de energia [também] matam através de colisão e eletrocussão”.

Entretanto, independentemente do status atual dos grifos, os programas de criação em cativeiro são uma excelente maneira de aumentar o declínio das populações de aves e manter a diversidade genética.

Logo, se estes se tornassem ameaçados de extinção no Reino Unido, os filhotes de Harold e seu companheiro poderiam ser libertados na natureza para ajudar a reabastecer essas populações. Apenas um casal reprodutor já pode fazer uma diferença significativa.

“O condor-da-Califórnia, o Kestrel das Maurícias e muitas outras espécies de pássaros dependeram de um casal reprodutor no início do programa”, disse Perry-Jones. No entanto, a especialista ressalta que os abutres ainda têm uma reputação negativa e por isso sofrem por não serem consideradas aves bonitas.

“Na verdade, a maioria não é [feia], eles têm sua própria beleza e são deslumbrantes em voo. Eles também são de importância crucial para o meio ambiente”, concluiu Parry-Jones.

Fonte: IFL Science Fotos: Reprodução / IFL Science

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