A masturbação ainda é um tema complicado e estigmatizado na nossa sociedade, especialmente para as mulheres. Homens sofrem menos constrangimento social sobre o assunto, mas também são afetados.
Mas, isso não deveria ser tabu e muito menos um problema. Para a maioria dos médicos, trata-se de um comportamento sexual saudável e faz parte de uma vida equilibrada, trazendo diversos benefícios à saúde.
Várias evidências científicas mostram isso. De acordo com a neurocientista e especialista na fisiologia sexual humana, Dra. Nicole Prause, em entrevista à Insider, ao ter um orgasmo através da masturbação, o corpo libera uma “cascata” de hormônios benéficos.
Endorfinas (que reduzem dor), ocitocina (que regula estresse, dor, medo e fornece bem-estar) e serotonina (reduz estresse e equilibra o humor) são alguns dos hormônios liberados e que ajudam a equilibrar a saúde do corpo, física e mental.
Isso geral uma onda de relaxamento muscular, reduz estresse e ansiedade, melhora a qualidade do sono, alivia dores de cabeça, aumenta a intimidade com o parceiro e impulsiona a satisfação sexual.
Evidências científicas já mostraram que a masturbação pode até mesmo fortalecer o sistema imunológico.
Mulheres
Para as mulheres, a masturbação pode ser ainda mais benéfica. Segundo a Dra. Susan Milstein, sexóloga e professora de cinesiologia da Texas A&M University, estudo de 2017 com 52.000 adultos mostrou que 65% das mulheres heterossexuais não atingiam o orgasmo durante a relação íntima. O mesmo estudo mostrou que 95% dos homens tinham orgasmos durante o sexo.
Para a Dra. Susan Milstein, as mulheres “lutam para descobrir suas preferências” e por isso têm menos orgasmos durante o sexo. A masturbação ajuda a mulher entrar em contato com seu próprio corpo para entender o que sente, o que gosta e o que precisa.
Estudo publicado na International Journal of Impotence Research, em 2014, mostrou que 35% das mulheres que praticavam masturbação atingiam o orgasmo durante o sexo. Apenas 9% das entrevistadas, que não praticavam, conseguiam chegar ao clímax nas relações sexuais.
Para as mulheres, a masturbação aumenta o fluxo sanguíneo nos genitais, ajuda na prevenção de infecções, alonga os músculos do colo do útero e previne cólicas menstruais.
Homens
Estudo publicado na European Urology com mais de 32.000 homens, em 2016, mostrou claramente que a masturbação reduz os riscos de câncer de próstata. Os cientistas chegaram à conclusão que homens que ejaculam (seja por masturbação ou relação sexual) mais de 5 vezes por semana, têm 33% menos chances de desenvolver câncer de próstata.
O homem também libera os mesmos hormônios que as mulheres, em proporções diferentes, e também se beneficiam do relaxamento e da sensação de bem-estar, além do autoconhecimento.
O que acontece quando evitamos?
Em teoria, não se masturbar pode trazer algumas vantagens pessoais, como por exemplo, o aumento da produtividade — diminuindo a procrastinação diária.
Essa visão é apontada por alguns terapeutas que acreditam que isso gera um “acúmulo de energia”, que impulsiona as tarefas diárias e gera maior sensibilidade sexual. Isso ocorreria pelo acúmulo de testosterona nos homens e estrogênio nas mulheres.
Mas, para muitos cientistas, essa “energia acumulada e impulso de realizar tarefas” pode estar mais no campo psicológico do que físico.
A afirmação é do Dr. Jim Pfaus, professor de neurociência da Concordia University, no Canadá. “O aumento de energia é mais psicológico do que qualquer outra coisa”, disse ele.
Sendo assim, muitos médicos não concordam com a privação de masturbação, já que pode fornecer diversos benefícios para a saúde física e mental.
Impacto nos relacionamentos
Algumas pessoas acreditam que se o parceiro ou parceira praticar a masturbação, pode ameaçar o romantismo ou desejo do casal. Para a Dr. Susan Milstein, os casais não devem acreditar que isso pode ser uma desvantagem e sim, algo agregador.
“A masturbação é uma parte valiosa do que as pessoas podem fazer para melhorar seu relacionamento consigo mesmas e desfrutar da atividade sexual por conta própria, mas também com seus parceiros. Isso pode ajudar o relacionamento se houver comunicação sobre o assunto”, disse.
No fim das contas, a decisão ainda é pessoal. Afinal, cada um possui o direito de fazer o que entender ser melhor para o próprio corpo.
Para o Dr. Jim Pfaus, a abstinência pode fazer com que as pessoas “deixem de conhecer a si mesmas e percam uma autodescoberta importante”.
Se você sente dificuldade de atingir o orgasmo — por masturbação ou sexo — é importante não ignorar o sintoma e procurar ajuda de um médico para entender as causas fisiológicas.
Às vezes, é necessário também procurar ajuda de um psicólogo sexual para explorar as causas e “quebrar” conceitos e traumas que “travam” as pessoas que sentirem-se confortáveis de explorar a intimidade no próprio corpo.
Fonte(s): Insider / VICE Imagens: Reprodução / Andrii Zastrozhnov via Insider