Etan Patz: o trágico desfecho de um dos casos mais comoventes de desaparecimento dos EUA

de Merelyn Cerqueira 0

Desaparecido em Nova York nos anos 1980 quando tinha apenas seis anos, o rosto de Etan Patz se tornou um símbolo nos EUA por quase 40 anos.

Embora seu corpo nunca tenha sido encontrado, o caso de seu sumiço finalmente teve um desfecho, porém trágico, segundo informações da BBC.  

Etan desapareceu no Soho no dia 25 de maio de 1979, na época em que o bairro nova-iorquino era habitado apenas por pessoas de classe média baixa. Seus pais teriam deixado que caminhasse sozinho pela primeira vez até o ponto de ônibus escolar.

No entanto, não há relatos de que ele sequer tenha conseguido entrar no veículo.  Desde então, Etan nunca mais foi visto. E, em uma tentativa inédita para divulgar o desaparecimento, seu rosto foi estampado em milhares de caixa de leite que circulavam por todo o país – mas, sem efeito.  

Apenas 33 anos depois, em maio de 2012, um morador de Maple Shade, um bairro de Nova Jersey, Pedro Hernandéz, confessou ter assassinado a criança.

Contudo, foi somente em fevereiro deste ano, depois de deliberar por nove dias, que um júri considerou Hernández, hoje com 56 anos, culpado pelo sequestro e assassinato de Etan.

Comentando sobre o caso, a promotora adjunta de Manhattan, Joan Illuzzi, disse que se trata de uma história que inspira cautela, porque é um marco para o país e algo que simboliza a perda de inocência.  

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“É Etan que vai simbolizar para sempre a perda desta inocência”, acrescentou.  O veredito marcou o desfecho de um dos crimes mais antigos e marcantes de NY, segundo uma declaração feita pela promotoria do caso.

Por outro lado, o advogado de defesa, Harvey Fishbein, alegou que Hernández sofria de esquizofrenia e que era incapaz de diferenciar realidade de fantasia, algo que foi apoiado por um psiquiatra ouvido como testemunha. Segundo ele, a confissão poderia ter sido resultado de uma dessas alucinações.  

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“Pedro Hernández é um homem estranho, limitado e vulnerável”, disse Harvey em sua argumentação final. “Ele é inocente”. 

A filha de Hernández, também ouvida no julgamento, afirmou que certa vez ouvira o pai falar sobre visões que tinha sobre anjos e demônios.

Os promotores, por outro lado, argumentaram que o homem teria simulado e exagerado os sintomas de sua suposta doença.  

Reabertura do caso 

Foi só em 2012 que a polícia resolveu reabrir o caso, se dirigiu ao local de desaparecimento a fim de periciar uma suposta cena de um crime que teria ocorrido há 33 anos. Embora o corpo não tenha sido encontrado, o caso ganhou repercussão nacional, resultando em diversas ligações com supostas novas pistas sobre o crime.

De acordo com o comissário de polícia Raymond W. Kelly, um parente de Hernández teria feito uma dessas ligações. Ele teria contado à polícia que o ouviu confessar ter matado um menino de Manhattan. 

Após ter sido preso, Hernández revelou que atraiu Etan ao lhe oferecer um refrigerante. Então, levou-o a um porão de um bar onde trabalhava, que ficava próximo ao ponto de ônibus escolar, e o estrangulou até a morte.

Depois, colocou o corpo em uma bolsa e abandonou-o em um beco junto ao lixo.  

O primeiro rosto a estampar uma caixa de leite 

Mesmo passados 38 anos do desaparecimento, os pais do Etan, Stanley e Julie Patz, nunca se mudaram no Soho, na esperança de que um dia descobrissem algo mais concreto sobre o filho. Eles se tornaram ativistas de causas associadas ao desaparecimento de crianças. 

Embora tenha tido um desfecho trágico, o caso de Etan inspirou a criação de leis locais e de âmbito nacional em relação à proteção das crianças. Entre elas está o dever das escolas de telefonar para casa caso uma criança não compareça a aula.

A mãe de Etan só soube de seu desaparecimento oito horas depois do evento, quando ela notou que ele não voltou para casa.

O sumiço trágico de Etan também resultou na criação do método de explorar as embalagens de caixas de leite para ajudar a divulgar o rosto de uma criança desaparecida. Ainda, em sua homenagem, em 1983, o então presidente Ronald Reagan, declarou que o dia 25 de maio seria dedicado ao Dia Nacional das Crianças Desaparecidas.

Fonte: BBC Fotos: Reprodução /Dawgshed / NyPost

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