Pesquisadores descobriram que o dano emocional causado pelo desgosto pode prejudicar o coração tanto quanto uma parada cardíaca.
O problema, basicamente, é causado por uma repentina queda de produção hormonal, provocada pelo estresse emocional. Quem sofre com essa “síndrome do coração partido”, tende a ter uma expectativa de vida semelhante à de pacientes com problemas cardíacos. Com informações do Daily Mail.
Também conhecida como cardiomiopatia de Takotsubo, a síndrome do coração partido é uma disfunção que ocorre no ventrículo esquerdo, de quadro clínico semelhando a um infarto e que afeta principalmente as mulheres.
Ela é causada por eventos emocionalmente estressantes, que podem incluir a morte de um ente querido, divórcio, traição ou rejeição romântica. Em casos mais extremos, as vítimas podem até morrer em razão da condição que, curiosamente, também pode ser provocada por eventos positivos, como uma vitória da loteria.
Até o momento, pensava-se que pacientes com a síndrome poderiam se recuperar completamente.
No entanto, um estudo publicado no Journal of the American Society of Echocardiography, sugere que o músculo cardíaco sofre danos de longo prazo. Isso poderia explicar o porquê de as vítimas terem expectativas de vida tão baixas quanto às de pessoas que sofreram infartos.
A pesquisa, feita por cientistas da Universidade Aberdeen (Escócia) e financiada pela British Heart Foundation, recrutou 52 pacientes com a síndrome de Takotsubo, que foram analisados ao longo de quatro meses.
Foram feitos exames de ressonância magnética e ultrassonografias cardíacas para ver como o coração dos participantes estava funcionando.
Os resultados apontaram que o problema afetou de maneira permanente o bombeamento do coração, atrasando o movimento de torção feito pelo órgão à medida que este bate. Ainda, parte dos músculos sofreram cicatrizes que afetaram a elasticidade do coração, impedindo que ele se contraísse corretamente.
“Costumávamos pensar que as pessoas que sofriam com a cardiomiopatia de Takotsubo se recuperavam completamente, sem intervenção médica”, disse Dana Dawson, que liderou a pesquisa. “Aqui mostramos que esta doença tem efeitos prejudiciais e muito mais duradouros”.
Os números da pesquisa mostram que entre 3% e 17% dos pacientes morrem dentro de um ano após o diagnóstico. Cerca de 90% dos afetados são mulheres.
Segundo o professor Metin Avkiran, da British Heart Foundation, o “estudo mostrou que, em alguns pacientes que desenvolvem a síndrome, vários aspectos da função cardíaca permanecem anormais até quatro meses depois do diagnóstico”.
“Com preocupação, os corações desses pacientes mostram uma forma de cicatrização, indicando que a recuperação total pode levar muito mais tempo ou pode não ocorrer”, explicou. “Isso ressalta a necessidade de encontrarmos novos tratamentos mais eficazes para essa condição devastadora”.
De acordo com Sir James Munby, juiz do tribunal de família mais antigo do Reino Unido, a síndrome do coração partido é frequentemente utilizada como razão pela qual é importante não separar casais de idosos em asilos. “Nós sabemos que as pessoas morrem por causa de um coração partido”, disse.
Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / Fickr