Astrofísico afirma que Plutão nunca mais será um planeta e pede que sigamos em frente de uma vez por todas

de Merelyn Cerqueira 0

Embora Plutão tenha sido rebaixado de seu status de planeta em 2006, as pessoas nunca perderam as esperanças de vê-lo novamente classificado como tal. Ainda, em um manifesto publicado no mês passado, cientistas da missão New Horizons, da NASA, nos deram novas esperanças quando sugeriram uma nova e mais ampla definição de “planeta” que o colocaria novamente no seleto grupo.

 

No entanto, e propondo acabar de vez com essa questão, o astrofísico Ethan Siegel, colunista científico da revista Forbes e professor de Astronomia no Lewis & Clark College em Portland, EUA, afirmou que Plutão nunca mais poderá ser considerado um planeta e que precisamos seguir em frente com essa história. De acordo com informações da Science Alert, ele alegou que se tentássemos devolver esse status ao corpo celeste mais amado do Sistema Solar, poderíamos prejudicar o progresso científico no futuro.

 

Quando se trata de status planetário, a Geofísica não é suficiente”, escreveu Siegel em um artigo recente para Forbes. “Na Astronomia, as três regras de imóveis também se aplicam: localização, localização, localização”. Há algo muito significativo sobre o nosso lugar no Sistema Solar que faz da Terra um planeta, e Plutão não é um planeta”, continuou. “Se estamos sendo honestos sobre nosso Sistema Solar e o número de planetas dentro dele, há claramente oito objetos que são diferentes de todos os outros”.

 

Cronologia do status planetário de Plutão

Descoberto em 1930, escondido no cinturão de asteroides à beira de nosso Sistema Solar. À época, pensava-se que Platão era mais maciço do que a Terra. No entanto, após anos de observações, este suposto “nono planeta” se mostrou muito menor do que pensávamos, tendo metade do tamanho de Mercúrio.

 

Avançando para década de 1990, os pesquisadores começaram a descobrir novos objetos transnetunianos (TNO) – pequenos objetos em nosso Sistema Solar que orbitam o Sol para além de Netuno. E eles não eram muito diferentes de Plutão. Já em 2006, a União Astronômica Internacional (IAU), que define o título dos objetos encontrados em nosso Universo, mudou a classificação oficial de “planeta” e colocou Plutão como um “planeta anão”.

 

Geofísica X Interação com o Sol

A IAU atualmente considera como planeta “um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para sua própria gravidade superar as forças rígidas do corpo de modo que assuma uma forma de equilíbrio hidrostático (quase redonda), e (c) tenha a região ao redor de sua órbita limpa”.

 

No entanto, esta definição é um pouco problemática, primeiro porque ela só define como planeta os corpos que existem em torno de nosso Sol. No entanto, como sabemos, há uma abundância de exoplanetas. Uma ‘órbita limpa’ parece ser algo bastante subjetivo e dependente do que está ‘lá fora”, disse. “Se você fosse colocar Júpiter em uma distância maior do Sol, ele não conseguiria limpar sua órbita. Logo ele deixar de ser um planeta?

 

Em suma, a definição, segundo ele, não é suficientemente precisa e é por isso que alguns cientistas têm tentado atualizar essa premissa original – algo que colocaria Plutão de volta ao grupo. Eles basicamente sugerem que os corpos cósmicos de nosso Sistema Solar não precisam estar orbitando o Sol para serem considerados planetas, e que, ao invés disso, deveríamos olhar para suas propriedades físicas intrínsecas, e não as interações com suas respectivas estrelas.

 

No entanto, Siegel não acredita que a Geofísica sozinha seja suficientemente específica. Em nossos esforços para incluir Plutão, incluímos todos os objetos não estelares mais massivos do que cerca de 0,01% da massa da Terra”, escreveu. Por outro lado, ele admite que pode haver um termo mais acurado. Se levarmos em contar as várias definições já sugeridas para “planetas” além de nossa galáxia – incluindo a da Geofísica – e também se olharmos para o recém-descoberto sistema TRAPPIST-1 podemos obter uma definição mais específica.

 

Dessa forma, além das questões de Geofísica, Siegel também sugeriu os seguintes requisitos para a definição de planeta:

 

– Que orbitem uma estrela “mãe”;

– Que dominem suas órbitas em termos de massa e distância;

– Que limpem os detritos em torno de suas órbitas em um período bem menor do que 0,1 bilhão de anos;

– Que suas órbitas, exceto sob quaisquer influências externas, sejam estáveis desde que sua estrela exista.

Segundo ele, quando consideramos essas abordagens, a linha de definição se torna menos difusa.

 

Obviamente que esta é a opinião de um grupo de pesquisadores. Outros cientistas, no entanto, incluindo os autores do manifesto enviado à IAU, ainda acreditam que exista espaço para Plutão nesse grupo planetário. Esse debate, nos próximos anos, poderá ser influenciado pela questão do Planeta Nove, um enorme e hipotético corpo cósmico que está à espreita de nosso Sistema Solar. O artigo completo de Siegel para a Forbes você pode conferir aqui.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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