Cientistas da NASA propõem nova definição de planeta que colocaria Plutão novamente dentro do grupo

de Merelyn Cerqueira 0

Em um manifesto publicado recentemente, cientistas das NASA propuseram uma nova definição de planeta, de acordo com informações da Science Alert. Se aceita, ela irá adicionar mais de 100 novos planetas ao Sistema Solar, incluindo Plutão e a Lua. O objetivo da equipe com a mudança é que os corpos não precisem orbitar o Sol para serem considerados planetas. Logo, eles sugerem que devamos olhar para as propriedades físicas intrínsecas dos objetos, e não suas interações com suas respectivas estrelas.

 

De acordo com a classificação científica e a intuição das pessoas, propomos uma definição geofísica de ‘planeta’ que enfatiza as propriedades físicas intrínsecas de um corpo sobre suas propriedades orbitais extrínsecas”, escreveram eles.

 

A equipe é liderada por Alan Stern, cientista planetário e principal pesquisador da missão New Horizons, da NASA, que em 2015 alcançou o primeiro vislumbre direto de Plutão – rebaixado em 2006 para planeta anão, após o astrônomo Mike Brown, da Caltech, propor uma nova forma de definição de planetas.

 

Para a União Astronômica Internacional (UAI), que controla tais definições, um planeta só considerado como tal quando: “um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para sua própria gravidade superar as forças rígidas do corpo de modo que assuma uma forma de equilíbrio hidrostático (quase redonda), e (c) tenham a região ao redor de sua órbita limpa”.

 

Como sua órbita circundante ainda não foi desobstruída, Plutão não poderia manter sua designação como planeta, de acordo com as mais recentes diretrizes. Stern, por outro lado, chamou tal decisão de “besteira”. Segundo ele, tal definição deveria ser tomada por cientistas planetários ao invés de astrônomos, uma vez que fazê-lo seria como procurar um otorrinolaringologista para uma cirurgia no cérebro.

 

Mesmo que ambos sejam médicos, têm conhecimentos diferentes”, explicou. “Você realmente deve ouvir cientistas planetários que compreendem mais sobre este assunto. Quando olhamos para um objeto como Plutão, não sabemos mais como caracterizá-lo”. Agora, Stern e sua equipe reescreveram a forma de definição, e já a submeteram à UAI para consideração.

 

Proporemos a seguinte definição geofísica de um planeta para o uso de educadores, cientistas, estudantes e público”, escreveram. “Um planeta é um corpo de massa subestelar que nunca sofreu fusão nuclear e que tem gravitação própria e suficiente para assumir uma forma esferoidal adequadamente descrita por um elipsoide triaxial, independentemente de seus parâmetros orbitais”.

 

Em outras palavras, planetas deveriam ser considerados como tal quando são “objetos redondos no espaço e menores do que estrelas”. Enganosamente estreita, a nova definição essencialmente geofísica é baseada na física do próprio corpo, e não na física de suas interações com outros objetos externos. Isso significa que nossa Lua, assim como outras do Sistema Solar, como Titã, Enceladus, Europa e Ganimedes, se qualificariam como planetas, bem como Plutão.

 

A definição atual é falha

Segundo eles, o método proposto por eles tem mais mérito do que o atual, que é tido como inerentemente falho por diversas razões. Primeiro, reconhece-se como planeta apenas os objetos que orbitam nosso Sol, e não os que o fazem em outras estrelas ou orbitam livres na galáxia”.

 

Em segundo, o fato da exigência de zona desobstruída, o que significa que “nenhum planeta em nosso Sistema Solar” pode satisfazer tal critério, uma vez que vários corpos cósmicos estão constantemente voando pelas órbitas – incluindo a da própria Terra.

 

Por fim, eles afirmam que essa estipulação para limpeza de zonas significa que a matemática usada para confirmar a definição deve ser dependente de uma distância, porque essa área de “zona” deve ser esclarecida. Contudo, nada mudará até que a UAI tome uma decisão e redija um novo método para a definição de planeta. A proposta na íntegra você confere aqui.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Science Alert ]

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