Vídeo mostra cientistas soviéticos anexando cabeça desmembrada de cachorro a uma máquina, trazendo-a “de volta à vida”

de Merelyn Cerqueira 0

Em um filme, que começou a ser registrado em 1928, e lançado pela primeira vez em 1941, pela Agência Soviética de Cinema, cientistas são vistos realizando um experimento em um cachorro. 

O animal, decapitado, teve sua cabeça atada a uma máquina capaz de fazer o sangue de seu cérebro circular e restaurar funções básicas de seu sistema motor. O filme também mostra os mesmos cientistas utilizando a técnica para restaurar as funções de outro cachorro, considerado clinicamente morto.

A filmagem, lançada apenas um ano antes da entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, em 1941, foi mostrada como cortesia do Conselho Nacional de Amizade Americano-Soviética. A primeira parte do filme, filmada em 1928, mostra os experimentos realizados pelo cientista soviético Sergei Sergeevich Brukhonenko, que criou um aparelho de circulação artificial para animais de sangue quente.

O dispositivo, denominado “autojetor”, eram composto de duas bombas semelhantes a um diafragma e eram operadas mecanicamente por meio de um sistema de válvulas.

As primeiras demonstrações da tecnologia foram feitas aos líderes soviéticos, que relataram que “a cabeça isolada reagiu voltando à vida e reagindo ao meio ambiente, abrindo a boca e até engolindo um pedaço de queijo colocada nela”, – o que demonstraria o poder dos reflexos vitais e importantes.

À época, o experimento também foi demonstrado a A. V. Lunacharsky, ministro da Educação da Rússia e a vários cientistas internacionais, entre eles o professor Haldane, do Reino Unido. A notícia do eficaz procedimento rapidamente se espalhou pela Europa e, em 1937, Brukhonenko aperfeiçoou a máquina para o coração e pulmões.

Em 1939, foi relatado que entre 13 animais utilizados em experimentos, 12 foram ressuscitados por meio da máquina de coração-pulmão após dez minutos de parada circulatória.

Uma destas experiências pode ser vista no vídeo. Verificou-se ainda que todos os cães se recuperaram completamente sem nenhum dano neurológico residual. A ideia de circulação extracorpórea surgiu em 1813, quando Julian LeGallois sugeriu que o corpo poderia ser mantido vivo pela circulação artificial.

No entanto, não foi até as primeiras experiências de Brukhonenko na década de 1920, que a possibilidade de manter o sangue circulando pelo corpo após a remoção do coração foi totalmente estabelecida.

Em 1928, Brukhonenko solicitou uma patente sobre seu “Dispositivo para a Circulação Artificial” e, entre 1929 e 37, o aparelho foi usado em operações de coração em cães. Isso significava que o sangue ainda poderia ser bombeado pelo corpo enquanto o coração do animal era removido.

Ele consistia em duas partes: um oxigenador para saturar o sangue com oxigênio e remover o excesso de dióxido de carbono e uma bomba. A bomba extraía o sangue do ouvido e depositava-o em uma câmara de vidro. Uma vez ali, ele era aquecido, oxigenado e depois bombeado de volta para o animal.

No entanto, porque a bomba não estava selada hermeticamente, eventualmente o sangue coagulava. Mas, ainda assim o cientista era capaz de manter a cabeça do cão vivo durante 100 minutos.

Em 1929, quando Bryukhonenko ainda estava trabalhando nas cabeças de cachorro, Aleksei Kuliabko do Laboratório de Fisiologia da Academia Imperial de Ciências em São Petersburgo, Rússia, junto ao químico-farmacêutico Fyodor Andreyev, utilizaram o mesmo princípio da máquina para reviver um homem clinicamente morto por 20 minutos. Relatos indicam que o coração do homem inchou até que ele sufocou violentamente.  

Já em 1934, Bryukhonenko tentou reviver um homem que havia cometido suicídio e estava morto há três horas. O corpo do homem lentamente se aqueceu e suas pálpebras vibraram, mas a reanimação durou apenas dois minutos, com os cientistas desligando as bombas.

À época, ele e sua equipe afirmaram ter ficado “insuportavelmente horrorizados” com o que tinham feito e desde então, o experimento voltou a ser realizado apenas em cachorros. O dispositivo de Bryukhonenko nunca mais foi usado em uma cirurgia de coração, até que em 1950, uma versão mais moderna criada por John Gibbon ofuscou seu trabalho.

Embora os dispositivos modernos sejam baseados nos mesmos princípios, eles são muito mais complexos e capazes de controlar a composição química e a temperatura do sangue que flui no corpo. 

Em relação ao vídeo, há quem acredite que tudo não passa de um esforço de propaganda dos norte-americanos e britânicos para fazer com que os soviéticos parecessem mais “formidáveis” ​​aos nazistas que estavam lutando contra.

No entanto, é provável que o filme seja genuíno – e várias fontes, documentos e relatos históricos oficiais comprovam isso –, dado o fato de que experiências como estas não teriam sido impossíveis na década de 1930 e 1940, sendo plenamente possível, cientificamente falando

Fonte: Daily Mail Foto de Capa: Reprodução / Daily Mail

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