Por que somos mais propensos a desenvolver câncer conforme envelhecemos?

de Redação Jornal Ciência 0

É fato que um em dois homens australianos e uma em cada três mulheres australianas serão diagnosticados com algum tipo de câncer com cerca de 85 anos. Isso é ainda mais alarmante quando você considera que essas estatísticas não incluem os cânceres mais comuns. Estima-se que centenas de milhares de australianos sejam acometidos por eles a cada ano.

 

O número de novos casos de diagnósticos de câncer aumentou dramaticamente nas últimas três décadas. Na Austrália, 47.445 novos casos de câncer foram diagnosticados em 1982, e 122.093 em 2012. Isso levou algumas pessoas a pensarem que a vida moderna é um fator que leva ao desenvolvimento de câncer.

 

Evidentemente, o aumento da população explica em grande parte o aumento desses números. Outro fator principal é a medicina moderna que aumenta nossa vida. Como sobrevivemos a mais doenças e vivemos por mais tempo, estamos mais propensos ao câncer.

 

O risco de câncer aumenta à medida que envelhecemos

Um olhar mais atento aos números de câncer em relação à idade mostra um claro e dramático aumento da doença com a idade. Até os quarenta anos, a incidência de câncer é bastante baixa, mas depois aumenta à medida que envelhecemos. A incidência de câncer é cerca de dez vezes maior em pessoas com 60 anos ou mais, do que em pessoas com menos de 60 anos.

 

Câncer: uma doença de nossos genes

Por que ficamos mais propensos a contrair a doença à medida que envelhecemos? O câncer é uma doença causada por erros em nossos genes – o código de DNA em nossas células que fornece os modelos para todas as funções celulares. Esses erros surgem por uma série de razões.

 

Químicos e radiação são dois fatores que pesam imediatamente, e podem ser os principais em alguns tipos de câncer. Químicos na fumaça de cigarro contribuindo para câncer de pulmão e radiação UV para o melanoma são dois exemplos óbvios. Podemos também herdar alguns erros genéticos. Por exemplo, os genes BRCA defeituosos são transmitidos em algumas famílias e contribuem para o número de câncer, incluindo os de mama e ovário. Alguns vírus também podem contribuir, como o papilomavírus humano (HPV) com câncer cervical.

 

Outra razão para erros genéticos que surgem vem da biologia normal. O corpo é composto de muitos trilhões de células individuais e, na maioria dos casos, elas têm uma vida útil definida. À medida que essas células morrem, são substituídas por novas – que surgem da divisão de outra célula em duas. Esse processo requer a replicação de todo o DNA da célula.

 

Apesar da replicação do DNA ser altamente controlada e muito precisa, realizamos esse processo diversas vezes durante a vida (cerca de 10.000 trilhões de vezes!). Isso significa que a introdução de um número significativo de erros no DNA é basicamente inevitável.

 

Muitos erros genéticos são necessários para o desenvolvimento do câncer

Então, todos nós temos “erros” em nossos genes. A grande maioria desses erros não tem efeito, ou simplesmente adiciona à nossa singularidade individual. Por exemplo, alguns “erros” no gene MC1R fizeram com que existissem indivíduos com cabelo vermelho. Mas alguns problemas específicos em certos genes podem fazer com que as células se tornem muito ativas e não contidas pelos mecanismos usuais do corpo.

 

As células humanas são incrivelmente controladas, com muitos mecanismos de segurança. Isso significa que poucos erros em uma célula não causam câncer. Em vez disso, para causar algo do tipo, muitos diferentes erros são necessários em genes que controlam tipos específicos de processos celulares, como divisão celular, morte celular programada e movimento celular.

 

Estudos têm mostrado que é necessário ter pelo menos 6 erros diferentes e precursores de câncer. Para o desenvolvimento da maioria dos cânceres é provável que muitos mais sejam necessários. Somente quando todos esses erros estão presentes na mesma célula, ela tem uma chance de progredir para produzir um câncer.

 

Para acumular o conjunto de erros que transforma uma célula normal em cancerosa, normalmente, um longo tempo é necessário. Assim, quanto mais tempo vivemos, mais tempo haverá para que os erros de nossos genes se acumulem.

 

Não há muito que possamos fazer para prevenir o envelhecimento. Mas podemos reduzir os riscos de fatores externos, como evitar químicos cancerígenos – como os que estão na fumaça do cigarro – reduzir a exposição à radiação UV e, quando apropriado, participar de programas de vacinação contra o HPV.

[ IFL Science / The Conversation ] [ Foto: Reprodução / Pexels

Jornal Ciência