Por que exames convencionais não conseguem detectar a pressão alta de 16% das pessoas?

de Gustavo Teixera 0

Algumas pessoas com pressão arterial normal mostram em testes uma pressão arterial elevada quando o médico faz o exame. Esse fenômeno é conhecido como “hipertensão do avental branco”.

Mas existe um fenômeno diferente, conhecido como “hipertensão mascarada”, quando a pressão arterial de uma pessoa é normal em um ambiente clínico, mas fica alta o resto do tempo.

Até agora, não ficou clara a razão deste problema. Um novo estudo da Universidade de Stony Brook e da Universidade de Columbia, Nova York, Estados Unidos, descobriu que, de uma amostra de cerca de 888 pessoas, quase 16% tinham a hipertensão mascarada. Pessoas com pressão arterial elevada têm um risco maior de sofrerem um acidente vascular cerebral, ataque cardíaco ou desenvolverem doença renal, por isso a capacidade de medir com precisão a pressão arterial das pessoas é muito importante.

Sabemos por muitos anos que as 24 horas de monitoramento da pressão arterial é mais precisa na previsão do risco de ter um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral do que uma medida única feita por um médico. A vigilância 24 horas demanda um monitor portátil que faz a leitura da pressão arterial a cada 15 a 30 minutos. Essas leituras são então medidas para fornecerem uma avaliação mais precisa para mostrar se alguém tem hipertensão ou não.

Através do aumento do uso de monitoramento de 24 horas da pressão arterial das pessoas e os esforços dos cientistas clínicos, a extensão deste problema de saúde pública oculto está sendo descoberta. Muitas pessoas consideradas saudáveis como resultado de terem sua pressão arterial registrada como “normal” por um profissional de saúde, na verdade têm hipertensão não diagnosticada e não tratam o problema.

Pesquisadores da Universidade de Stony Brook mostraram que as diferenças entre a medição de 24 horas da pressão arterial e da clínica dependiam da idade e do índice de massa corporal das pessoas avaliadas. Eles mostraram no estudo que as pessoas mais jovens e de peso normal tinham níveis mais elevados de hipertensão mascarada em comparação com as pessoas mais velhas com mais sobrepeso.

Esse é um ponto importante para quando médicos forem registrar a pressão arterial de um paciente. O novo estudo sobrepõe-se à pesquisa de saúde clínica do grupo de pesquisa de fisiologia vascular realizado na Universidade Cardiff Metropolitan, do Reino Unido.

O grupo está investigando a ligação entre as 24 horas de pressão arterial e função cardíaca, cérebro, rim e fluxo sanguíneo na população em geral. Como resultado deste último trabalho de pesquisa, as informações fornecidas destacaram a importância de medir rotineiramente 24 horas de pressão arterial como parte do trabalho de pesquisa. Será importante para o trabalho identificar pessoas com hipertensão mascarada e entender o impacto que a pressão arterial elevada pode ter em órgãos como o cérebro, olhos e rins.

Estresse do cotidiano

Stress e pressões associadas à vida cotidiana têm sido apontados como as razões pelas quais as pessoas podem desenvolver hipertensão mascarada. Somente através da medição de 24 horas de pressão arterial é possível identificar a hipertensão mascarada.

Alguns empregadores oferecem avaliações de saúde no local de trabalho, incluindo a monitoração da pressão arterial durante 24 horas. Essas iniciativas são inestimáveis para identificar pessoas com hipertensão mascarada. Além de identificar o problema, as organizações precisam colocar estratégias no local para ajudá-las a lidar com estresse, gerenciar sua pressão arterial e reduzir seu risco de acidentes cardiovasculares.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail / Wikimedia ]

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