Por que antigos egípcios tinham verdadeira fixação por gatos?

de Redação Jornal Ciência 0

Os antigos egípcios são conhecidos pela sua adoração por gatos. Ao contemplar peças elaboradas por este povo, são muitas as homenagens aos felinos: desde estátuas gigantescas a joias complexas. Mas por que razão os gatos tinham um papel tão importante em suas vidas?

Os antigos egípcios mumificaram inúmeros ​​gatos e até criaram o primeiro cemitério de animais de estimação conhecido do mundo — um local com quase 2.000 anos que abriga gatos que usam notáveis ​​coleiras de ferro e adereços.

Esta paixão por felinos era tão grande que, de acordo com o historiador grego Heródoto, os egípcios até raspavam as sobrancelhas quando um gato da família morria. Esta era uma forma de mostrar respeito pelo animal.

Segundo o portal Live Science, grande parte desta obsessão deve-se ao fato dos antigos egípcios acreditarem que os seus deuses e governantes tinham qualidades felinas.

Múmias de gatos do Antigo Egito. Foto: Reprodução / Shutterstock

Os gatos eram vistos como possuidores de uma dualidade de temperamentos desejáveis ​​— por um lado, podem ser protetores, leais e afetivos, mas por outro, podem ser combativos, independentes e ferozes.

Para os antigos egípcios, estas caraterísticas dotavam os gatos como criaturas especiais dignas de atenção, o que pode explicar a construção de estátuas felinas.

Um exemplo disso é a Grande Esfinge de Gizé, um monumento de 73 metros de comprimento que tem o rosto de um homem e o corpo de um leão. Este é talvez o exemplo mais famoso de um monumento tão imponente, embora os historiadores não saibam exatamente por que os egípcios tiveram o trabalho de o esculpir.

Da mesma forma, a deusa poderosa Sakhmet foi retratada como tendo a cabeça de um leão no corpo de uma mulher. Esta era conhecida como uma divindade protetora, principalmente durante os momentos de transição, como o amanhecer e o anoitecer. Os gatos também eram admirados pelas suas habilidades de caçar ratos e cobras.

Os animais eram tão adorados que os antigos egípcios batizavam ou apelidavam os seus filhos em homenagem aos felinos, incluindo o nome Mitt (que significa gato) para meninas, de acordo com a University College London.

Não está claro em que altura os gatos começaram a ser domesticados no Egito, mas os arqueólogos encontraram sepulturas de felinos que datavam de 3.800 a.C.

No entanto, algumas pesquisas têm sugerido que essa obsessão nem sempre foi gentil e afetuosa e há evidências de um lado mais sinistro do fascínio felino dos antigos egípcios.

A Grande Esfinge de Gizé. Até hoje os arqueólogos não sabem o motivo dos antigos egípcios terem esculpido a esfinge que tem corpo de leão. Foto: Reprodução / Shutterstock

O Live Science escreve que provavelmente havia indústrias inteiras dedicadas à criação de milhões de gatinhos bebês para serem mortos e mumificados para que as pessoas pudessem ser enterradas ao lado deles, principalmente entre 700 a.C. e 300 d.C.

Num estudo publicado no ano passado na revista Scientific Reports, os cientistas realizaram exames de tomografia computadorizada em animais mumificados – um dos quais era um gato. Depois de uma breve análise, os especialistas perceberam que a criatura era muito menor do que tinham pensado.

“Era um gato muito jovem, mas não tínhamos percebido isso antes de fazer a análise, porque grande parte da múmia, cerca de 50%, era constituída por embrulho”, disse o autor do estudo Richard Johnston.

O cientista contou que, “quando o vimos no ecrã, percebemos que era jovem quando morreu”, sendo que teria menos de 5 meses de idade quando o seu pescoço foi cortado.

“Foi um pouco chocante”, disse Johnston ao Live Science. Ainda assim percebeu-se que a prática de sacrificar gatos não era rara, pois “estes eram frequentemente criados para esse propósito”.

Isso mostra que apesar do amor dos egípcios pelos felinos, em tempos ainda mais antigos, os gatos eram criados e mortos apenas para serem mumificados e enterrados com as pessoas, não permitindo que os mortos “fizessem a passagem” sem companhia.

Fonte(s): ZAP Imagens: Reprodução / Shutterstock

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