Egito: restos humanos com línguas de ouro encontrados durante missão arqueológica

Os corpos foram encontrados em tumbas de 2.500 anos; a folha de ouro na boca foi usada para que o falecido pudesse falar com Osiris, o deus da morte

de Redação Jornal Ciência 0

Um grupo de arqueólogos espanhóis desenterrou duas tumbas no Egito que continham os restos mortais de um homem e uma mulher que viveram há 2.500 anos.

O detalhe curioso é que os dois cadáveres tinham na boca placas de ouro em formato de língua, conforme relatado pelo Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito.

Os restos mortais do homem foram encontrados dentro de um caixão de calcário em uma tumba completamente lacrada.

A missão arqueológica fez sua descoberta em El-Bahnasa, uma escavação localizada a 220 quilômetros ao sul do Cairo, capital do Egito.

As tumbas pertenceriam à dinastia Saíta, que governou o antigo Egito até 525 a.C. Uma delas, a que continha os restos mortais de um homem, foi totalmente lacrada e isso permitiu que a múmia ficasse em boas condições, além de impedir o roubo de ladrões de joias.

Os restos mortais da mulher estavam pior preservados, já que seu túmulo havia sido aberto, talvez por saqueadores de tesouros mortuários.

“É muito importante encontrar uma câmara mortuária completamente lacrada, porque raramente isso acontece”, disse Esther Pons Melado, da Universidade de Barcelona, em entrevista ao The National News.

Esther é coordenadora da missão arqueológica do sítio de El-Bahnasa — antigamente chamado de Oxyrhynchus.

O segundo túmulo, o da mulher, havia sido aberto anteriormente, provavelmente por saqueadores de tesouros mortuários, de modo que os restos mumificados não se encontravam em bom estado de conservação.

Em boas condições, a múmia do homem exibia a ponta da folha de ouro saindo de sua boca.

No primeiro túmulo encontrado, o do homem, também foi possível identificar 4 vasos contendo suas vísceras. Estes artefatos eram usados para depositar os órgãos do falecido.

Além disso, foram encontrados amuletos em formato de besouros e 402 figuras funerárias feitas de cerâmica chamadas de Ushabti.

Amuletos de besouros escaravelho, entre outros objetos, foram encontrados na tumba do homem, que viveu há 2.500 anos, no Antigo Egito. 

Língua de ouro para falar com os deuses

As línguas em forma de folha de ouro estavam na boca das múmias e foram colocadas, segundo os arqueólogos, durante o rito fúnebre.

Acredita-se que elas foram usadas ​​para que o falecido pudesse falar com Osíris, o deus egípcio dos mortos, para convencê-lo a deixá-los passar para a vida após a morte, e ter misericórdia de suas almas.

Os arqueólogos encontraram também outra folha de ouro em formato de língua fora da tumba, só que de tamanho menor, que parecia pertencer a uma criança.

402 pequenas estatuetas chamadas Ushabti foram encontradas dentro da tumba do homem.

Os especialistas não têm certeza qual a ligação entre o homem e a mulher, mas ressaltaram que as tumbas foram construídas lado a lado. O crânio do homem estava bem preservado e a língua dourada era claramente visível saindo de sua boca.

Em fevereiro deste ano, múmias com línguas de ouro também foram descobertas no templo de Taposiris Magna, perto de Alexandria.

El-Bahnasa, o local onde as múmias com suas línguas de ouro foram descobertas, é um dos mais importantes sítios arqueológicos do Egito.

Lá, no final do século 19, os arqueólogos descobriram uma enorme coleção de rolos de papiro que datam do Reino Ptolomaico (305 a.C) ao Período Romano (27 a.C).

Fonte(s): La Nacion Imagens: Reprodução / Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito

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