A surpreendente múmia egípcia que pode nos obrigar a reescrever os livros de história

Khuwy, um nobre egípcio encontrado em 2019, foi mumificado há 4.000 anos com técnicas que se acreditava terem se originado mil anos depois

de Redação Jornal Ciência 0

Uma múmia egípcia descoberta há pouco tempo pode mudar drasticamente o que se sabe até hoje sobre os costumes daquela antiga civilização. Especialmente quando se trata de técnicas de mumificação, que podem ser 1.000 anos mais antigas do que se acreditava.

É que os arqueólogos ficaram surpresos ao reconhecer técnicas avançadas de mumificação usadas em Khuwy, uma das múmias mais antigas da civilização egípcia que foram encontradas até agora.

Os pesquisadores descobriram nele uma sofisticação nas artes de preservar os restos mortais que supostamente se desenvolveu muito mais tarde na cronologia egípcia antiga.

A tumba de Khuwy foi encontrada em 2019 em Saqqara, uma necrópole localizada 30 quilômetros ao sul do Cairo.

Khuwy, segundo a reconstrução dos arqueólogos, teria sido um nobre de alto nível social que viveu durante o Império Antigo ou Antigo Reino — entre 2575 a.C. a 2150 a.C. Seus restos mortais foram encontrados em 2019 em Saqqara.

Resinas muito caras, feitas de seiva de árvore, foram usadas no processo de mumificação para preservar a pele e otimizar a união do corpo com ataduras de linho da mais alta qualidade. Até agora, pensava-se que essas técnicas de preservação com os elementos usados ​​se originaram 1000 anos depois da época em que Khuwy viveu.

Salima Ikram, professora e diretora de egiptologia da American University of Cairo, apontou em uma entrevista reproduzida pelo The Guardian que, se Khuwy é de fato uma múmia correspondente ao Reino Antigo, “todos os livros sobre mumificação e a história deste período da civilização egípcia deve ser revista”.

Os hieróglifos encontrados na tumba de Khuwy revelaram que a múmia pertencia a um nobre que viveu no período conhecido como Antigo Reino ou Antigo Reino do Egito.

“Isso mudaria completamente nossa compreensão da evolução da mumificação. Os materiais usados, suas origens e as rotas comerciais associadas a eles afetarão drasticamente nossa compreensão do Antigo Egito”, acrescentou o egiptólogo.

Ikram deu detalhes sobre o que se sabia sobre a preservação de cadáveres no Antigo Egito e o que implica a descoberta de Khuwy. 

“Até agora pensávamos que a mumificação do Império Antigo era simples, uma dissecção básica, sem retirada do cérebro e apenas uma extração ocasional de órgãos internos”, explica a professora.

“Mais atenção era dada à aparência exterior do falecido do que do interior. O uso de resinas era muito mais limitado nas múmias do Império Antigo registradas até agora. Essa múmia, entretanto, está inundada de resinas e tecidos tendo recebido uma mumificação completamente diferente. Parece uma múmia encontrada 1000 anos depois”, completa.

Outra das ilustrações encontradas na tumba de Khuwy.

A múmia que pode mudar tudo o que se sabe até agora sobre a antiguidade das técnicas de mumificação foi descoberta em 2019, em uma tumba luxuosa na necrópole de Saqqara, 30 quilômetros ao sul do Cairo, na margem oeste do Nilo.

Os hieróglifos encontrados revelam que o corpo pertencia a Khuwy, um parente da família real, que viveu mais de 4.000 anos.

A descoberta desse nobre egípcio do Reino Antigo foi documentada por meio de uma produção da National Geographic. Agora, em uma nova produção deste canal de divulgação científica, denominado Tesouros Perdidos do Egito, que será lançado em novembro, será possível observar todo o processo de investigação que atestou a antiguidade de Khuwy e a análise de seus restos mortais e a forma como ele foi mumificado.

Fonte(s): La Nacion Imagens: Reprodução / La Nacion / Daily Mail

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