No mês passado, arqueólogos encontraram um verdadeiro tesouro de valor inestimável no solo da famosa Catedral de Notre-Dame, em Paris, que sofreu um incêndio em 2019.
A relíquia de grande importância histórica é um misterioso sarcófago de chumbo, possivelmente do século 14, e tem características totalmente desconhecidas dos estudiosos. Junto ao sarcófago, caixões e objetos de interesse também foram encontrados.
As informações foram confirmadas pelo Ministério de Cultura da França. A peça arqueológica foi encontrada quando trabalhadores da obra faziam perfurações para preparar a nova estrutura da catedral que está sendo reconstruída.
O sarcófago está em ótimas condições, mesmo tendo sido deformado pelo peso de uma pedra gigante que estava em cima dele.
Embora a descoberta seja uma ótima notícia para os cientistas, muitas pessoas estão assustadas em relação à antiga relíquia e reagiram na internet de maneira temerosa, pedindo aos cientistas que não abram o sarcófago.
O principal motivo do receio, talvez, seja a forma absolutamente incomum e raríssima de sepultamento: um sarcófago de chumbo. Isso fez alguns interpretarem que queriam que o corpo ficasse completamente lacrado e sem acesso interno. Mas, por qual motivo?
Na verdade, o medo é que bactérias, vírus ou fungos desconhecidos ou com alto poder de infecção, saiam do controle. Em geral, muitas pessoas estão traumatizadas e com o psicológico abalado pelas consequências dos 2 anos pandêmicos com o coronavírus.
Ainda no Twitter, uma enquete foi feita para que as pessoas votassem se os cientistas deveriam ou não abrir o sarcófago.
Os cientistas parecem não se importar com o pedido da internet. Dominique Garcia, do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas da França (INRAP), disse que as descobertas do sarcófago podem “ajudar a melhorar nossa compreensão das práticas funerárias na Idade Média”.
Uma equipe de arqueólogos do INRAP já deu uma olhada no interior do sarcófago com uma câmera minúscula, através das pequenas rachaduras que a gigantesca pedra causou, revelando restos humanos de “notável qualidade científica”.
“Você pode vislumbrar pedaços de tecido, cabelo e um travesseiro de folhas no topo da cabeça, um fenômeno bem conhecido quando os líderes religiosos eram enterrados. O fato de esses elementos vegetais ainda estarem dentro significa que o corpo está em muito bom estado de conservação”, disse Christophe Besnier, arqueólogo que comanda os trabalhos em entrevista à AFP.
Junto com o sarcófago, os cientistas descobriram partes de esculturas pintadas, o busto de um homem barbudo desconhecido, vegetais esculpidos, um par de mãos esculpidas e diversos outros artefatos.
Não existe nenhum tipo de pista que possa indicar, até o momento, quem é a pessoa sepultada no sarcófago. Os arqueólogos acreditam ser alguém que possuía um alto cargo de prestígio na sociedade.
Para quem prefere que o sarcófago permaneça fechado, aí vai uma “má notícia”. De acordo com a agência de notícias Reuters, o Instituto Arqueológico Nacional da França anunciou que tem total interesse em abrir o sarcófago. E isso pode ocorrer nos próximos dias.
O sarcófago será enviado, em breve, ao Instituto de Medicina Forense, em Toulouse, para usar a tecnologia por carbono-14, para descobrir a idade do sarcófago, dos objetos e da pessoa que está dentro dele.
“Se isso for de fato um sarcófago da Idade Média, estamos lidando com uma prática funerária extremamente rara”, disse Christophe Besnier. Isso aumenta o temor das pessoas que não querem sua abertura.
Arqueologia X Antropologia
A chefe do Instituto Arqueológico Nacional da França, Dominique Garcia, disse à AFP que irão analisar os achados de forma delicada e sensível, dando foco antropológico e não arqueológico.
O que isso quer dizer? De acordo com as leis da França, é provável que o sarcófago seja enterrado novamente na Catedral de Notre-Dame assim que os trabalhos de análise forem concluídos.
“Um corpo humano não é um objeto arqueológico. Como restos humanos, o código civil se aplica e os arqueólogos vão estudá-lo como tal”, concluiu Dominique.
Fonte(s): Indy100 Imagens: Reprodução / Indy100 / Twitter