Arqueólogos descobrem múmia de 2.500 anos em sarcófago “vazio” que há mais de 150 anos era mantido em museu

de Merelyn Cerqueira 0

Por mais de 150 anos, um caixão, aparentemente vazio, foi mantido em um museu universitário na Austrália.

No entanto, em junho do ano passado, arqueólogos foram surpreendidos quando descobriram que, dentro do sarcófago haviam restos mumificados na relíquia egípcia de 2.500 anos de idade, segundo informações da Science Alert.

O caixão, que pertence à Universidade de Sydney, originalmente foi comprado no Egito por Charles Nicholson, um político, explorador e fundador da universidade.

Enquanto atuou como chanceler do local, junto ao caixão doou uma série de artefatos particulares, iniciando assim o que hoje viria ser o Museu Nicholson de Antiguidades.

Nos últimos anos, o caixão em questão permaneceu exposto e protegido por um vidro em uma das salas do museu. Ao contrário de outros dois sarcófagos egípcios pintados de forma vibrante na coleção, este era mais simples, tendo sido apenas esculpido em madeira.

Hieróglifos grafados em sua tampa indicavam que ele teria sido usado como enterro a uma mulher nobre chamada Mer-Neith-it-é, que serviu como sacerdotisa do templo da deusa Sekhmet, em meados de 664 – 535 a.C.

“Em seu Manual de 1948 para o Museu Nicholson, o Professor de Arqueologia, Dale Trendall, descreveu o sarcófago como vazio, embora dados do museu falem sobre a existência de uma mistura de detritos”, escreveu o pesquisador e líder do estudo Jamie Fraser, para a revista Muse Magazine, da universidade.

“Não tínhamos ideia do que isso foi possível, já que o caixão não tinha sido aberto há mais de 20 anos. Mas, presumivelmente, não parecia indicar muito, dado os comentários feitos por Trendall e a presença normal do caixão na coleção desde a sua adesão há 160 anos”.

No entanto, de fato havia fragmentos no sarcófago, incluindo restos humanos, uma mistura de ossos, faixas e frágeis artefatos.

Claramente, as características indicavam o enterro de alguém importante. Porém, conforme lembrado pela ABC, à época era comum que as pessoas vendessem caixões vazios ou fornecessem múmias aos compradores. Logo, isso poderia indicar que o corpo não necessariamente pertence a múmia original. 

Para ajudar desvendar esse mistério, a equipe usou um scanner de tomografia computadorizada (TC), para vasculhar os restos mortais e juntá-los. Embora o processo possa levar meses ou anos, até o momento ele já forneceu alguns resultados interessantes.

“Embora os restos dentro do caixão de Mer-Neith-it-is tenham sido misturados, o scanner detectou dois tornozelos mumificados, pés e dedos, consistentes com uma única pessoa. Acreditamos que esta pessoa tenha morrido por volta dos 30 anos de idade”, explicou Fraser.

Dentro do caixão, eles também descobriram que a resina foi derramada no crânio da múmia e depois removida, semelhante a algo que ocorreu com o corpo do famoso faraó Tutancâmon. “Isso pode nos dizer muito”, disse o egiptólogo Connie Lord à ABC. “É um achado incrível. Não me lembro de alguém ter descoberto algo semelhante”.

O caixão, juntamente com os outros três de propriedade do museu (Meruah, Horus e Padiashiakhet) será exposto em uma nova ala do museu, que será inaugurada em 2020. Eles serão acompanhados por animações digitais que mostrarão seu conteúdo.  

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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