Pesquisadores editam DNA de embriões saudáveis e causam controvérsia

de Merelyn Cerqueira 0

Se devemos ou não editar DNAs humanos é uma das questões mais controversas dos últimos tempos e, recentemente, o assunto causou um intenso debate novamente.

De acordo com informações da National Public Radio (NPR), um cientista sueco reconheceu publicamente que já estava realizando edições de genes de embriões humanos saudáveis que poderiam, hipoteticamente, tornarem-se bebês, segundo informações da IFLScience.

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Fredrik Lanner, um biólogo do desenvolvimento do Instituto Karolinska, em Estocolmo, foi o responsável pelo anúncio. Apesar de relatórios anteriores de pesquisadores chineses, que disseram estar realizando edição de genes em embriões humanos inviáveis (que não poderiam se desenvolver em uma pessoa), terem vindo à tona no último ano, a pesquisa de Lanner é a primeira a declarar abertamente que os genes editados são de embriões viáveis.

Embora a pesquisa dos chineses tenha ocorrido a porta fechadas, o que causou certa suspeita na comunidade científica, um repórter da NPR foi autorizado a assistir como os membros da equipe de Lanner editavam os embriões – que sobravam de fertilizações in vitro – a partir de um programa chamado CRISPR/Cas9 elements – uma poderosa ferramenta de edição de genes.

Por possuir uma capacidade rápida e altamente precisa para cortar pedaços do código genético e substituí-los por novos, a técnica tem, hipoteticamente falando, o poder de melhorar o genoma humano, podendo, por exemplo, garantir imunidade a certas doenças. Lanner disse que espera utilizar o CRISPR para descobrir novos tratamentos para a infertilidade e saber mais sobre as células estaminais embrionárias – ou células tronco capazes de se tornarem quaisquer outras células do corpo humano.

Para ele, “se pudermos entender como essas células primeiro são reguladas no embrião real, esse conhecimento vai nos ajudar no futuro para tratar pacientes com diabetes ou Parkinson, diferentes tipos de cegueira e outras doenças”. No entanto, os críticos afirmaram estar preocupados com resultados acidentais, que poderiam ocasionar embriões humanos “alterados” em estágios avançados do desenvolvimento fetal. Assim, a fim de amenizar essas preocupações, Lanner ressaltou que seu grupo de pesquisa nunca iria deixar os embriões passarem dos 14 dias de desenvolvimento.

Uma cimeira internacional realizada em Washington DC em dezembro do ano passado deixou claro que é ilegal modificar um embrião viável. No entanto, vários grupos de pesquisa estão buscando aprovação para realizar experimentos de edição genéticas em embriões que irão se tornar humanos.

Os benefícios deste tipo de trabalho são, para todos os efeitos, notáveis. Teoricamente, a edição permitiria que doenças genéticas pudessem ser eliminadas dos bebês antes mesmo deles nascerem, salvando-os de condições debilitantes ao longo da vida. Por outro lado, qualquer pequeno deslize dos cientistas poderia, inadvertidamente, causar erros imprevistos de DNA. “Não é uma tecnologia que deva ser tomada com muito entusiasmo”, disse Lanner. “Eu realmente estou contra qualquer tipo de pensamentos de que isso deva ser usado para desenvolver bebês projetados ou melhorados para fins estéticos”.

IFL Science ] [ Fotos: Reprodução / Flickr / Flickr ]

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