Cura para o envelhecimento? Descoberto como substituir partes envelhecidas das células

de Gustavo Teixera 0

Um estudo realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia a Caltech, e da Universidade da Califórnia em Los Angeles a UCLA, identificou uma nova maneira de substituir partes de células velhas em nosso corpo.

A pesquisa poderia iniciar o desenvolvimento de procedimentos que retardam o processo de envelhecimento. O experimento visou o DNA que passou por mutações – devido ao envelhecimento – dentro de nossas mitocôndrias, a “bateria” de nossas células. À medida que envelhecemos, nosso DNA se decompõe e muda. Mas ao contrário de outras partes do corpo, as mitocôndrias não são muito eficientes em reparar o DNA.

dna_01

Mas agora, com o procedimento inovador, a equipe de cientistas da Caltech e UCLA encontraram uma maneira de manipular os genes para que eles se quebrem e removam o DNA danificado, fazendo com que as células se regenerem. A operação é uma mudança de um procedimento já conhecido como autofagia, que é o processo de autodestruição da célula.

Através da autofagia, as células podem digerir as mitocôndrias disfuncionais, abrindo caminho para mitocôndrias saudáveis. É um tema que está em pauta no momento, pois a pesquisa em autofagia ganhou um Prêmio Nobel este ano. Mas antes do estudo não estava claro se este processo poderia também promover a eliminação seletiva de DNA danificado pelo envelhecimento. 

mitochondria_02

Acredita-se que a acumulação de DNA envelhecido ao longo da vida contribui para doenças degenerativas, como Alzheimer, Parkinson e Sarcopenia – perda de massa e força na musculatura esquelética devido ao envelhecimento.

“Sabemos que o aumento das taxas de DNA modificado causa envelhecimento prematuro. E juntamente com o fato de que ele se acumula em tecidos como neurônios e músculos – que perdem a função com o passar do tempo – isso sugere que, se pudéssemos reduzir a quantidade de DNA danificado, poderíamos diminuir ou reverter aspectos importantes do envelhecimento” disse Bruce Hay, professor de Biologia e engenharia biológica da Caltech.

Para testar seu método, a equipe usou uma mosca comum. Eles se concentraram no DNA mitocondrial dos músculos que ela usa para voar, uma vez que este é um dos tecidos que mais drenam energia no reino animal. Como nos seres humanos, as moscas mostram alguns sinais de envelhecimento. As moscas e os seres humanos compartilham muitos genes de doenças. No experimento, a mosca foi geneticamente para que 75% do seu DNA já estivesse envelhecido, por tanto, já teria passado por mutações.

Eles então aumentaram artificialmente a atividade dos genes que promovem mitofagia, que é a degradação da mitocôndria pela autofagia. Ao fazer isso, a fração de DNA modificado nas células musculares da mosca foi drasticamente reduzida. Um gene em particular chamado “parkin” reduziu a fração de DNA modificado de 76% para 5% quando foi anormalmente elevado. Outro gene chamado “Atg1” reduziu a fração para 4%.

Estes são ambos os genes que parecem ser hipoativos em idosos e pessoas com doenças degenerativas, como o Parkinson. “Tal diminuição eliminaria completamente quaisquer defeitos metabólicos nessas células, essencialmente restaurando-as a um estado mais jovem. Os experimentos servem como uma clara demonstração de que o nível de DNA modificado pode ser reduzido em células em suaves ajustes em processos celulares” disse Hay.

“Nosso objetivo é criar um futuro em que possamos periodicamente passar por uma limpeza celular para remover o DNA mutante que danifica o cérebro, músculos e outros tecidos. Isso nos ajudará a manter nossas habilidades intelectuais, de mobilidade e nos ajudar a envelhecer de maneira saudável”, finalizou.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Pexels / Public Domain Pictures / Wikipedia ]

Jornal Ciência