Pesquisadores descobrem o primeiro cérebro fossilizado de dinossauro

de Merelyn Cerqueira 0

Até hoje, os fósseis de dinossauros encontrados envolvem sempre restos de ossos mineralizados.

De vez em quando, podemos contar com uma impressão de pegada, traços de “asas” ou até mesmo tecidos, incluindo peles e capilares. No entanto, de acordo com uma publicação recente da Geological Society of London, pela primeira vez na história, cientistas conseguiram encontrar um cérebro fossilizado desses animais que viveram na Terra durante o período Jurássico e início do Cretáceo.

Segundo informações da IFLScience, a descoberta foi feita há quase uma década, perto de Sussex, uma região localizada no sudeste da Inglaterra, quando um “caçador de fósseis” se deparou com uma “pedrinha marrom”. Após ser analisada por um grupo de paleontólogos, foi revelado que se tratava do tecido cerebral de uma espécie herbívora conhecida como Iguanodonte, que viveu há cerca de 133 milhões de anos, no início do período Cretáceo.  

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O incrível cérebro fossilizado. Foto: Reprodução / Jamie Hiscoks

Há de destacar que este é o primeiro e único exemplo que temos até agora de tecido cerebral fossilizado de um dinossauro. Embora o tecido biológico original não possa mais ser detectado, os complexos detalhes de suas estruturas foram bem preservados pelo tempo.

Os pesquisadores verificaram que o fóssil também conta com marcas de vasos sanguíneos, redes de colágeno, capilares e até mesmo camadas externas dos tecidos neurais, preservados pelo processo de decapagem natural. Segundo o coautor do estudo Dr. Alex Liu, da Universidade de Cambridge, os tecidos cerebrais estão entre os menos prováveis de serem encontrados em vertebrados terrestres fossilizados.

Ao que tudo indica, o dinossauro em questão provavelmente morreu próximo a um pântano que continha uma sopa empobrecida de oxigênio e rica em ácidos. Ao cair dentro dela, após a morte, seu cérebro foi essencialmente conservado pela confusão de bactérias hostis dali. De acordo com Liu, a espécie pertenceu aos ornitisquianos, uma ordem de dinossauros herbívoros que não possuía formas ancestrais verdadeiras de aves. Apesar desse fato, o especialista observou que a forma particular do cérebro mostra semelhanças morfológicas entre aves e crocodilos modernos.

Por outro lado, ele também argumenta que a morte “dramática” do dinossauro pode ter causado ligeiras alterações no cérebro. No entanto, como não pode ver os lobos do órgão, a equipe não tem certeza sobre a verdadeira dimensão dele.

[ IFL Science ]  [ Foto: Divulgação / Universidade de Cambridge ]

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