Orca rara é morta devido a complicações causadas por etiqueta rastreadora

de Merelyn Cerqueira 0

Segundo confirmações da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, sigla em inglês), um macho morreu no início deste ano em razão de uma infecção causada por um rastreador por satélite.

Com 20 anos de idade, e identificado como L-95, morreu próximo a Vancouver Island, no Canadá, em março – pouco mais de um mês após cientistas da NOAA terem-no marcado para descobrir mais sobre seus padrões de migração. Fragmentos da etiqueta utilizada como rastreador foram encontrados na barbatana dorsal do animal, o que levantou suspeitas de que o dispositivo teria algo a ver com a morte. Tal fato levou a agência norte-americana a emitir uma proibição sobre a marcação de orcas em estado de extinção.

Recentemente, a NOAA liberou o relatório de autópsia do animal, que apresentou conclusões de que ele teria sido morto por uma infecção fúngica que entrou pela sua corrente sanguínea através do dispositivo. Um grupo de cinco pesquisadores independentes revisou e confirmou as conclusões do relatório, que também sugeriu que um erro humano poderia ter contribuído para a morte de L-95. Durante o processo de aplicação, o dispositivo caiu na água e só foi limpo com álcool antes de ser inserido no animal – de acordo com o protocolo da agência, as etiquetas precisam ser limpas com água sanitária e álcool. Além disso, ela também teria sido inserida próxima a vasos sanguíneos na base da barbatana, o que teria facilitado a entrada da infecção.

A notícia foi considerada “incrivelmente triste” pelos cientistas, que geralmente usam os dispositivos para obterem maiores informações sobre a distribuição de habitats de mamíferos marinhos. Anteriormente considerados seguros, está é a primeira morte (de uma orca) confirmada relacionada com o rastreador. L-95 era membro de uma comunidade rara oficialmente conhecida como “baleias assassinas residentes no Sul” – uma das quatro comunidades ameaçadas encontradas no Oceano Pacífico Norte.

O objetivo do projeto que envolvia L-95 era, por meio do rastreamento via satélite, descobrir para onde ela ia durante os invernos e como encontrava alimentos, de modo que o governo pudesse instituir práticas políticas melhores para proteger sua espécie. A etiqueta é feita de um pequeno transmissor ligado a um satélite, aproximadamente do tamanho de uma bateria de 9 volts, e é aplicada às barbatanas dorsais com dois dardos de titânio de 6 cm de comprimento, projetados para serem excluídos ao longo do tempo sem deixar vestígios na baleia.

evido a queixas recebidas de que as orcas estavam sendo encontradas com vestígios dos dardos, os pesquisadores tiveram de redesenhar o modelo das etiquetas no ano passado. Ainda, ativistas criticam a atitude dos cientistas considerando o método “bárbaro” e prejudicial aos animais, uma vez que são feridos e sinalizados com hardwares que podem ficar presos e causar danos aos tecidos. Além de L-95, outras oito baleias foram marcadas com o rastreador, sendo que duas delas apresentaram problemas menores, como cicatrizes deixadas pelos dardos. No entanto, nenhuma mostrou vestígios de danos no tecido após a eliminação dos dispositivos.

Brad Hanson, que liderou o projeto da NOAA, disse se preocupar com o bem-estar dos animais, mas que acredita que o método fornece informações valiosas para a conservação da espécie. A NOAA ainda não se manifestou sobre a intenção de retomar a marcação das orcas em um futuro próximo, ou se modificaria a prática para reduzir o risco para os animais.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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