Homem com câncer terminal processa marca de agrotóxicos alegando uso de substância cancerígena proibida

de Merelyn Cerqueira 0

Dewayne Johnson, um ex-jardineiro de 46 anos, da Califórnia (EUA), em 2014 foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que começa nos glóbulos brancos.

Ele afirma que o herbicida Roundup, fabricado pela Monsanto e que tem como princípio ativo o glifosato, foi o responsável por sua doença.

Johnson levou o caso a julgamento, alegando que a substância usada pela empresa foi listada pela Organização Mundial da Saúde e pelo estado da Califórnia como cancerígena.

A Monsanto, por outro lado, afirmou que mais de 800 estudos estabeleceram a segurança do produto, segundo informações do Daily Mail.

Johnson, que é pai de dois filhos, é a primeira pessoa a levar o produto a julgamento. Enquanto trabalhou como jardineiro no distrito escolar de Benicia, misturou e pulverizou centenas de litros de Roundup para manter a grama e ervas daninhas sob controle.

Diagnosticado com câncer em agosto de 2014, ele foi informado de que tinha pouco tempo de vida, uma vez que o problema havia se espalhado pelo corpo.

Considerando que nas leis da Califórnia pessoas que estão próximas da morte têm direito a um julgamento rápido.

Ele alega, junto a seu advogado, que a Monsanto não alertou adequadamente os consumidores sobre a característica cancerígena do ingrediente ativo do herbicida. A empresa, por outro lado, negou veementemente que o produto seja carcinogênico.

O glifosato, principal ingrediente do Roundup, é um composto químico comercializado em forma de sal ou em um líquido de cor âmbar sem cheiro. Ele foi introduzido no mercado pela Monsanto em 1974, como uma forma eficaz de matar ervas daninhas sem danificar culturas de plantas.

Produtos à base do composto são vendidos em mais de 160 países e somente na Califórnia, que é o principal estado agrícola dos EUA, ele é usado em mais de 250 tipos de safras.

Em 2017, a Califórnia listou o glifosato como ingrediente potencialmente cancerígeno e, de acordo com a Proposição 65, o Roundup deve ter um selo de advertência se for comercializado no estado.

Além disso, no início do ano, um estudo revisado descobriu que as mulheres em áreas intensivas em agricultura em Indiana (estado norte-americano) tendem a ter gestações mais curtas se tiverem sido regularmente expostas ao glifosato.

“O glifosato é o herbicida mais utilizado em todo o mundo, mas a extensão da exposição na gravidez humana permanece desconhecida”, escreveram pesquisadores da Universidade de Indiana na revista Environmental Health.

Após perder no tribunal o bloqueio da rotulagem da Califórnia, a Monsanto entrou com um recurso na justiça argumentando que o Roundup não causa câncer. Ela afirmou que o produto passou por mais de 800 estudos e testes rigorosos que estabeleceram sua segurança.

“Somos empáticos por quem sofre de câncer, mas a evidência científica mostra claramente que o glifosato não é a causa”, disse Scott Partridge, vice-presidente de estratégia da Monsanto. “Estamos ansiosos para apresentar essas evidências no tribunal”.

Ainda de acordo com a empresa, um linfoma não-Hodgkin pode levar muitos anos para se formar e o período entre a primeira exposição de Johnson em 2012 e seu diagnóstico em 2014 “impede qualquer possível conexão causal”.

De acordo com a CNN, Johnson se encontra incapaz de falar ou se mover e 80% de seu corpo está coberto de lesões. Segundo seus médicos, há “dúvida médica substancial de sobrevivência além de seis meses”.

No ano passado, mais de 800 pessoas processaram a Monsanto, mas esta é a primeira vez que o caso é levado ao tribunal. De acordo com Tom Litzenburg, advogado de Johnson, trata-se de um caso de tendência e que estará sendo acompanhado em todo mundo.

Isso significa que, se ele vencer, poderá ser seguido por vários anos de litígio e grandes indenizações que deverão ser pagas pela empresa.

Por outro lado, se a Monsanto vencer, casos semelhantes poderão ser adiados ou descartados.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

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