Cientistas afirmaram ter descoberto uma maneira de tornar células resistentes ao HIV

de Merelyn Cerqueira 0

Em um novo estudo, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Scripps (TSRI), em San Diego Califórnia (EUA), afirmaram ter descoberto uma maneira de tornar as células resistentes ao HIV, conforme informações do Daily Mail.

No que está sendo considerado um grande avanço ao combate à doença, os pesquisadores disseram ter conseguido “amarrar” às células anticorpos anti-HIV, criando uma população de células resistentes ao vírus.

Essas células resistentes poderiam substituir as doentes, tornando esta a mais eficaz de todas as terapias propostas em estudos até agora, e até, potencialmente uma possibilidade para a cura da presença do vírus responsável pela AIDS.

No entanto, os cientistas afirmaram que, em colaboração com pesquisadores do Centro de Terapia Genética de Hope (EUA), ainda planejam avaliar a eficácia e segurança do tratamento em testes, conforme exigido por leis federais, antes de testá-lo em pacientes.

Para o estudo, os pesquisadores testaram a terapia em um sistema infectado pelo rinovírus, que é responsável pelos resfriados comuns.

Então, utilizaram um vetor chamado lentivírus para entregar um novo gene para células humanas cultivadas em laboratório.

Depois tiveram que sintetizar as células com anticorpos que se ligam aos receptores para que o rinovírus não pudesse mais ter acesso.

Com os anticorpos monopolizando esse local, o vírus não conseguia mais entrar na célula para espalhar a infecção, enquanto que as versões sem a proteção acabaram morrendo. As saudáveis e resistentes se tornaram responsáveis pela multiplicação, portanto, passaram o gene protetor para as novas.

A técnica foi testada depois contra o HIV. Neste caso, todas as estirpes do vírus precisam se ligar a um receptor de superfície celular chamado CD4. No entanto, após a introdução das células resistentes, os pesquisadores conseguiram criar uma população resistente ao HIV.

Uma vez unidos às células, os anticorpos responsáveis por combater o vírus reconheceram a região de ligação do CD4 e bloquearam a passagem do HIV.

De acordo com o autor principal do estudo, Richard Lerner, professor de Imunoquímica na TSRI, a terapia é, basicamente, uma forma de vacinação celular que oferece uma vantagem significativa sobre as outras, em que os anticorpos são postos para flutuar livremente na corrente sanguínea a uma concentração relativamente baixa.

Segundo o pesquisador Dr. Jia Xie, um dos autores do estudo, o estudo providencia algo chamado “efeito vizinho”, em que um anticorpo preso nas proximidades é mais eficaz do que na corrente sanguínea. 

Os cientistas confirmaram ainda que estes anticorpos resistentes conseguiram bloquear o HIV com mais eficácia do que os em flutuação livre, que foram propostos em experimentos conduzidos pela AIDS Vaccine Initiative.

O objetivo do tratamento proposto pelos cientistas da Califórnia é que a infecção seja combatida sem a necessidade de outros medicamentos. De acordo com Dr. Xie, o próximo passo da pesquisa será testar os anticorpos na proteção de diferentes receptores das células.

Embora o número anual de novos casos de HIV tenha reduzido em 19% entre 2005 e 2014, a doença ainda é prevalente. 

Em contraponto, Carl Dieffenbach, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, dos EUA, embora o projeto seja interessante, há de se considerar um problema fundamental quando o assunto é terapia genética.

Como você sabe como colocar anticorpos nas células corretas?”, argumentou.

“O HIV é notório por gerar variações grandes, e o que acontecerá é que alguma população do vírus não se ligará ao anticorpo e assim que você matar as mais sensíveis, o vírus ainda continuará a crescer”.

Ele acrescentou que embora tenham havido avanços científicos tentadores nos últimos anos, nenhuma descoberta chegou aos ensaios clínicos. 

“Temos terapias incríveis e potencialmente eficazes, bem como boas ferramentas para combater a doença, mas ainda não estamos no ponto em que podemos afirmar uma cura ou vacina”, concluiu.

Fonte: Daily Mail / Science Daily Foto: Reprodução / Jornal Ciência

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