Tomar antibióticos pode aumentar os riscos de contrair uma doença sexualmente transmissível?

de Rafael Fernandes 0

Tomar antibióticos pode aumentar as chances de uma pessoa ser diagnosticada com uma doença sexualmente transmissível, adverte um novo estudo.

As drogas perturbam o microbioma da vagina, o que resulta em uma perda de diversidade bacteriana. Isto, por sua vez, aumenta a concentração de um composto que impede que as células T do sistema imunológico migrem para os tecidos vaginais e combatam as infecções.

Pesquisadores na Coreia do Sul e no Japão descobriram que os camundongos tratados com antibióticos sucumbiam ao HSV-2 (um tipo de herpes genital) mais rápido do que um grupo de controle que não recebeu a droga. Os camundongos foram tratados com antibióticos, durante quatro semanas, antes de serem expostos ao vírus HSV-2.

A microbiota é conhecida por desempenhar um papel vital na imunidade antiviral, fornecendo sinais para o sistema imunológico. No entanto, o impacto de um desequilíbrio de bactérias na microbiota, conhecido como “disbiose”, permanecia obscuro. Como resultado, uma equipe de cientistas liderada por Ji Eun Oh, da Coreia do Sul, no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia, analisou minuciosamente a disbiose.

Os autores do estudo, publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, encontrou o desequilíbrio causado pelo tratamento com antibiótico oral. Além disso, eles observam que “prejudica diretamente a imunidade após a infecção viral da mucosa vaginal”.

Descobriram que os camundongos tratados com antibióticos eram mais suscetíveis à infecção por este tipo de vírus de herpes genital, se comparados aos que receberam um placebo.

Além disso, os resultados revelaram que esses camundongos com o vírus do herpes e tratados com antibióticos demonstraram uma “depuração viral retardada” no local da infecção, significando que a doença levou mais tempo para ser tratada. Todos os camundongos tratados com antibióticos antes de serem expostos ao vírus morreram dentro de 11 dias.

Os autores notaram: “Tomando esses dados em conjunto, descobrimos que a depleção de bactérias comensais resultou em um defeito grave na proteção antiviral, após a infecção das mucosas com HSV-2.” Os cientistas descobriram que o desequilíbrio na diversidade bacteriana na microflora vaginal em camundongos tratados com os medicamentos, desencadeou um aumento da substância chamada de IL-33.

Os autores escreveram: “Nosso presente estudo demonstra que sinais inibitórios induzidos pelo esgotamento da microbiota comensal também afetam a imunidade antiviral. Tomados em conjunto, nossos resultados fornecem uma perspectiva única sobre o papel das bactérias comensais na manutenção da integridade das células epiteliais da superfície de barreira, impedindo a colonização por bactérias patogênicas, apoiando, assim, um microambiente propício para a defesa antiviral.” Os cientistas concluíram que o uso de antibióticos orais realmente se traduz num aumento do risco de doenças sexualmente transmissíveis.

Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / Wikipédia

Jornal Ciência