Morte ecologicamente correta? Terno feito de cogumelos promete digerir defuntos

de Merelyn Cerqueira 0

Se uma das preocupações mundiais são as emissões de gases que promovem o aquecimento global, a ideia de reduzir nossas pegadas de carbono é uma das soluções mais palpáveis.

Com isso em mente, Jae Rhim Lee, da empresa Co.Exist, ajudou a criar um terno feito com uma espécie de cogumelos capaz de digerir um corpo (após a morte) e tornar o processo de decomposição – que começa com a derrubada de árvores para fazer caixões e acaba com a deterioração do corpo que pode liberar metais pesados, conservantes e etc. – mais sustentável.

Também conhecido como o “o terno de cogumelo da morte”, a ideia é que os cogumelos comecem a crescer a partir do corpo enterrado e lentamente comecem a digeri-lo, enquanto neutralizam todo e qualquer material contaminante do solo. O processo baseia-se no poder de micorremediação, que é a capacidade que o cogumelo possui de limpar contaminantes tóxicos do meio ambiente.

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“Eu fui inspirada pela ideia de que os cogumelos são os ‘decompositores mestres’ da Terra e intermedia os organismos na passagem da vida para a morte”, disse Jae Rhim Lee. Não há muitos detalhes sobre o tal cogumelo, o que se sabe é que Lee escolheu a espécie após descobrir que ela se alimentava de pele, cabelo e unhas, o que ajudaria a diminuir os efeitos da decomposição no solo.

Anunciado pela primeira vez há cinco anos atrás – já gerando controvérsias – o terno começará oficialmente a ser vendido no começo de abril deste ano e o primeiro teste já está bem encaminhado.

A primeira cobaia será Dennis White, um homem de 63 anos de idade que está sofrendo de uma doença neurodegenerativa terminal chamada Afasia Progressiva Primária (APP). Além de Dennis, uma lista de espera com mais de 100 clientes está pronta para oferecer o terno que poderá custar em torno de US$ 999 (R$ 4.017,28).

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Devido à grande demanda, a equipe da Co.Exist também resolveu desenvolver um caixão sustentável para animais de estimação que será lançado no próximo mês. Utilizando a mesma ideia do cogumelo, os criadores esperam que as pessoas possam ajudar a retornar o corpo do animal à natureza de uma forma limpa e sustentável.

Se você pensou que tudo isso seria melhor resolvido se todas as pessoas fossem cremadas, saiba que o processo de cremação não é muito melhor do que a decomposição natural para o meio ambiente.

Os nossos corpos precisam ser queimados a uma temperatura entre 760 °C e 1150 °C por cerca de 75 minutos em um processo que necessita de muita energia e libera uma quantidade significativa de toxinas no meio ambiente. Só no Reino unido, por exemplo, a cremação é responsável por 16% da poluição causada por mercúrio.

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Se ter um cogumelo comendo o seu corpo após a morte soa um pouco assustador, o objetivo da empresa é completamente o oposto.

Partindo da ideia de que há uma necessidade real para melhores opções de sepultamento, a Co.Exist planeja fazer com que a morte seja sustentável e gradualmente mudar a perspectiva das pessoas sobre “o fim” e a responsabilidade sobre a sustentabilidade ambiental.

Foto: Divulgação

Jornal Ciência