Alimentos processados são mais perigosos do que os gordurosos, diz novo estudo

de Merelyn Cerqueira 0

No mês passado, o Fórum Nacional de Obesidade realizado no Reino Unido causou furor ao anunciar que alimentos gordurosos (incluindo a gordura saturada) ajudam a reduzir as taxas de obesidade e diabetes do tipo 2, apesar das controvérsias.

No entanto, há um amplo consenso de que dietas modernas levaram ao aumento de doenças cardíacas e casos de diabetes. Logo, muitas pessoas acabam ficando confusas com o que se pode ou não comer.

Assim, de acordo com o professor Garrath William, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, que estudou dietas e comportamentos relacionados à saúde, o foco deve ser retirado dessa obsessão por gorduras e carboidratos e ser direcionado em como a comida é feita. Para ele, há muitas maneiras de se pensar sobre mudanças alimentares nas sociedades ocidentais modernas. A mais significante delas é em termos de agricultura e pecuária: como novos fertilizantes e pesticidas, novas formas de alimentar e criar os animais e novas maneiras de acelerar seu crescimento.

Outra mudança, fala sobre uma grande revolução organizacional, envolvendo as grandes corporações que dominam nossos alimentos, que estão munidas de fábricas, laboratórios, marcas valiosas e departamentos de marketing.

Assim, foi criado um novo tipo de comida: os ultraprocessados. Neles os ingredientes ainda crus são reduzidos a polpa, pó, extratos ou concentrados. Para emulsioná-los e melhorar o sabor são utilizados produtos químicos, alguns familiares, como o sal, outros mais desconhecidos, fruto da química moderna.

Dadas essas enormes mudanças já podemos ter uma ideia dos aspectos das dietas mais prejudiciais à saúde, entre elas, o risco que os alimentos processados representam. O processamento tende a remover os muitos nutrientes encontrados em alimentos integrais, por exemplo. Além disso, as culturas da agricultura industrial moderna tendem a ser mais pobres em micronutriente.

Esse tipo de comida ​​tende a conter menos água e fibras, por isso são altamente calóricas e mais fáceis de consumir em grandes quantidades. Pelo lado da conveniência, os processados ​​são cuidadosamente projetados para apelo imediato. Todos esses fatores incentivam o consumo excessivo. Além disso, ainda se pode acrescentar o uso dos aditivos químicos, seja por meio do produto ou da embalagem em si, que prejudica a saúde do próprio alimento.

No topo da agricultura industrial moderna, o processamento industrial de alimentos representa a maior mudança para dietas humanas desde que as pessoas começaram a agricultura. De acordo com William, os alimentos e bebidas das grandes empresas competem uns com os outros. Mas, como Carlos Monteiro, professor de nutrição e saúde pública da Universidade de São Paulo, observou, “todos eles têm a mesma política global: promover os alimentos ultraprocessados”.

Dessa forma, em vez de focar na ideia de quais substâncias específicos prejudicam a saúde humana, o professor William sugere que essa questão seja direcionada a ideia de que os ultraprocessados contribuíram para o aumento de doenças relacionadas a alimentação. “O melhor conselho de saúde é não ficar obcecado em nutrientes que acreditamos fazer mal, mas adaptar aquele velho ditado: tudo com moderação, especialmente os alimentos processados”.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / You Tube

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