Segundo cientistas, a Terra como conhecemos pode estar perto de seu fim

de Gustavo Teixera 0

Não há dúvida de que nosso Planeta está ficando cada vez mais quente, mas a perspectiva de longo prazo pode ser ainda pior do que pensávamos.

Os cientistas estão dizendo agora que é tarde demais para evitar uma elevação da temperatura de até 7.36 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais em 2100. Isso é acima do limite de 4,8 graus Celsius previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) em 2014, e para piorar as coisas, um novo estudo sugere que estamos subestimando o quão sensível a Terra é em relação aos gases de efeito estufa.

Cientistas dos EUA e da Alemanha analisaram as temperaturas médias globais em nosso planeta nos últimos 784 mil anos, numa tentativa de prever como as condições de calor vão chegar até 2100. Com base nos seus resultados, parece que os níveis mais elevados de CO2 farão com que a atmosfera aqueça mais rapidamente do que foi estimado. “Nossos resultados implicam que a sensibilidade da Terra às variações do CO2 atmosférico aumente com o aquecimento climático“, explica o pesquisador Tobias Friedrich, da Universidade do Havaí, em Manoa, nos Estados Unidos.

Atualmente, nosso Planeta está em uma fase quente e a crescente sensibilidade climática associada precisa ser levada em conta para futuras projeções de aquecimento induzidas por atividades humanas”, completou Friedrich. À medida que os níveis de dióxido de carbono na atmosfera aumentam, mais calor é retido. Mas a questão é: quão mais quente a Terra pode ficar?

Modelos de mudança climática geralmente dependem de simulações de computador para descobrir a relação entre os níveis de dióxido de carbono e o calor aprisionado. Friedrich e seus colegas tentaram uma abordagem diferente, ao olhar para o histórico do clima.

Para analisar como o clima da Terra havia se alterado ao longo de milhares de anos, eles estudaram núcleos de sedimentos marinhos, núcleos de gelo e movimentos planetários conhecidos como Ciclos Milankovitch, também conhecido como variação orbital, que faz com que a radiação solar chegue de forma diferente em cada hemisfério terrestre de tempos em tempos. Esse fenômeno provoca variações glaciares, que são períodos de longos verões e longos invernos.

Eles estimaram os níveis de gases de efeito estufa através das bolhas de ar extraídas de núcleos de gelo ao longo dos últimos oito ciclos glaciais, cerca de 800.000 anos. A partir destes dados, eles concluíram que a Terra se torna mais sensível ao aquecimento nas fases de aquecimento interglacial, como a que estamos agora.

Os pesquisadores também calcularam que haverá um “provável” aumento de temperatura entre 4,78 e 7,36 graus acima dos níveis nos próximos 85 anos se a emissão de gases de efeito estufa continuar em sua taxa atual. Isso significa que é absolutamente vital que consigamos baixar essas emissões o mais rápido possível, porque um aumento de 7,3 graus Celsius seria efetivamente o fim do planeta como o conhecemos. Um dos pesquisadores do novo estudo, Andrew Ganopolski, do Instituto Potsdam for Climate Impact Research, Alemanha, admite que os cientistas nem sempre concordam com o nível de aquecimento global que podemos esperar.

Em nosso campo, você não consegue definir 100%. Há sempre incertezas e discutimos isso no artigo, se tivermos mais e mais resultados desse tipo, teremos mais motivos para nos preocupar“, disse ele ao jornal britânico The Independent.

Já para Friedrich, não há dúvida sobre o que precisa acontecer a seguir. “A única saída é reduzir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível”, finalizou.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ] 

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