Resistente a todos os antibióticos, superbactéria matou mulher nos Estados Unidos

de Gustavo Teixera 0

Uma mulher do estado de Nevada morreu em setembro de uma infecção que resistiu a todos os tipos de antibiótico.

O incidente, que foi relatado pelo Centers for Disease Control and Prevention, é parte do crescente problema de resistência aos antibióticos, que está a caminho de matar 10 milhões de pessoas até 2050. Eu acho que é preocupante. Nós precisamos há muito tempo de antibióticos novos e mais recentes. Mas, obviamente, bactérias muitas vezes podem desenvolver resistência mais rápido do que podemos fazer novos remédios”, disse Alexander Kallen, do Centers for Disease Control, ao site Stat News.

Leva muito tempo para desenvolver antibióticos, e até mesmo empresas que já fizeram isso encontram dificuldades no processo. Como um resultado infeliz, muitas grandes farmacêuticas pararam completamente de desenvolver novos antibióticos. No ano passado, por exemplo, a Food and Drug Adminstration – órgão do governo dos Estados Unidos responsável pelo controle dos alimentos, suplementos alimentares, medicamentos e afins –  recusou o novo antibiótico da Cempra Pharmaceuticals, uma droga projetada para combater um tipo de pneumonia bacteriana, alegando pouca informação sobre como a droga pode afetar o fígado. Um ensaio adicional exigiria testar o antibiótico em 9.000 pessoas.

Por que é tão difícil desenvolver novos antibióticos?

Apesar desses obstáculos, a empresa de biotecnologia Paratek Pharmaceuticals está atualmente trabalhando em um novo antibiótico chamado omadacycline. Até agora, o processo de aprovação do medicamento demorou cerca de duas décadas. A droga iria tratar pneumonia, infecções de pele e do trato urinário. A empresa aguarda os resultados de ensaios de fase 3 – com infecções de pele e pneumonia – para julho de 2017.

Depois de 21 anos de investimento, teremos os dados fundamentais”, disse o presidente da Paratek, Evan Loh, ao site Business Insider na conferência de saúde JPMorgan. Segundo Evan Loh, desde quando a droga entrou em testes até o momento em que – teoricamente – chegará ao mercado, serão contabilizados 15 anos.

Por que demora tanto?

Parte do problema é apenas científica: vasculhar através de diferentes compostos para descobrir um antibiótico pode levar tempo. Mas também tem muito a ver com as empresas julgarem a empreitada financeiramente inviável, disse Loh. E nesse ponto, às vezes a legislação pode ser útil.

Loh disse que o GAIN Act ajudou a Paratek a “salvar a empresa” estendendo as patentes do antibiótico por cinco anos. O ato, que foi aprovado em 2012, visava incentivar as empresas a desenvolver antibióticos, dando-lhes tempo extra sob proteção de patentes para ganhar dinheiro antes de enfrentarem a concorrência dos genéricos.

Se aprovada, a nova droga da Paratek poderia ser adicionada ao arsenal de medicamentos concebidos para acabar com bactérias resistentes, o que será fundamental, visto que gradativamente, temos mais mortes atribuídas às superbactérias. Antes dos antibióticos, as pessoas morriam aos 30 anos por causa de infecções. Você pode imaginar esse cenário para o qual podemos voltar?”, disse o Diretor Comercial da Paratek, Adam Woodrow, ao Business InsiderO artigo foi originalmente publicado pelo site Business Insider.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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