Por que uma cidade no Irã teve aumento de casos de fratura no pênis?

Apesar do órgão não ter osso, a designação clínica é “fratura” e pode ter sérias consequências se não for tratada rapidamente

de Redação Jornal Ciência 0

Apesar de soar estranho, o termo “fratura” para o pênis está correto e infelizmente ocorre em diversas situações. Curiosamente, a quantidade de homens hospitalizados em uma cidade do Irã aumentou por culpa de uma prática pouco conhecida no Brasil.

O pênis humano não possuir ossos (diferentemente dos cachorros, gatos e chimpanzés), o termo fratura é usado para designar à ruptura da chamada túnica albugínea — uma espécie de “cápsula” de tecido conjuntivo denso — que cobre o tecido esponjoso erétil do pênis, os chamados corpos cavernosos.

Os homens que sofrem uma fratura sempre relatam ouvir um “estalo” (seguido de um grito de dor, evidentemente), o mesmo som que ocorre quando algo é quebrado. O pênis pode ficar inchado e ter hematomas, deixando a região genital com coloração roxa.

Os médicos às vezes se referem a essa aparência roxa como o “sinal da berinjela”, pois o pênis ganha uma semelhança de coloração muito parecida com a fruta — sim, berinjela é uma fruta, para a surpresa de muitos.

Estima-se que a fratura afete 1 a cada 175.000 homens por ano. A lesão é considerada rara, mas este não parece ser o caso de uma região do Irã, onde o número que registros é maior do que a média mundial.

Entre abril de 1990 e outubro de 1999, um médico que trabalhava em Kermanshah, uma cidade na região curda do Irã, documentou 172 casos de fraturas penianas, conforme relatado em um estudo de caso no Journal of Urology.

O que poderia explicar essa explosão improvável de fraturas no pênis nesta cidade comparada com a média mundial?

Em outras partes do mundo, a maioria das fraturas ocorre durante o ato sexual. Um estudo brasileiro de 2014 descobriu que a posição de maior risco para os homens é quando a parceira está “por cima”. Esta posição é responsável por 50% dos acidentes.

No entanto, neste estudo iraniano, apenas 14 dos casos (8%) estavam relacionados a relações sexuais e 19 casos (11%) foram causados ​​por rolar na cama durante o sono com o pênis ereto. Apenas alguns casos pontuais foram relatados relacionados com esportes.

Então, o que explica a quantidade exagerada de casos? Do total, 119 casos (mais de 69%) foram causados ​​pelo taghaandan.

Taghaandan é um método praticado em partes do Oriente Médio e da Ásia Central, onde os homens têm o costume de empurrar ou dobrar o pênis ereto para forçá-lo a voltar ao estado flácido.

O hábito comportamental ocorre em algumas culturas para suprimir o desejo sexual, já que o pênis ereto pode significar desrespeito em determinadas situações sociais ou ir contra crenças religiosas. Infelizmente, por questões de falta de educação sexual escolar ou cultural, em muitos países ocorrem fraturas penianas devido ao taghaandan.

Tratamento

As fraturas penianas são, sem dúvida, uma experiência desagradável, mas são relativamente fáceis de tratar com cirurgia para reparar o tecido peniano rasgado. No entanto, é importante agir rápido.

Se a lesão não for tratada cirurgicamente em 24 horas, pode ocorrer o risco de disfunção erétil ou a possibilidade do pênis tornar-se curvado excessivamente de maneira permanente. Portanto, se você tiver a infelicidade de sofrer essa lesão, não tenha vergonha e procure ajuda em um hospital o mais rápido possível.

Fontes(s): IFLScience Imagens: Reprodução / Shutterstock

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