Covid-19 pode atacar o pênis e provocar impotência sexual severa em pacientes curados, diz estudo

O estudo foi realizado nos EUA e aponta existência de partículas do vírus Sars-Cov-2 no tecido do pênis em pacientes que tiveram problemas de ereção após serem curados

de Redação Jornal Ciência 0

Disfunção sexual, impotência, provocada pela Covid-19

De acordo com o estudo científico publicado na revista médica World Journal of Men’s Health, pesquisadores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, encontraram presença de partículas do vírus Sars-Cov-2 — causador da Covid-19 — dentro do tecido do pênis.

O estudo mostrou que, mesmo após curados, as partículas do vírus podem permanecer nos tecidos penianos por mais de 6 meses e contribuir diretamente para o desenvolvimento de disfunção erétil.

Em março deste ano, a Universidade de Roma La Sapienza, na Itália, já havia feito a primeira correlação entre a Covid-19 e casos de impotência sexual em pacientes curados que não apresentavam o problema antes de serem contaminados.

Ranjith Ramasamy, professor e principal autor do estudo, declarou em nota à imprensa: “A Covid-19 pode causar disfunção endotelial em outros órgãos além dos pulmões e dos rins”.

Imagem mostrando as partículas virais encontradas no tecido peniano dos pacientes. Foto: Reprodução / Ranjith Ramasamy/University of Miami Health System.

Na prática, o que ocorre é que o vírus da Covid-19 tem uma “preferência” pelo endotélio — tecido que reveste internamente os vasos sanguíneos — o que contribui para problemas circulatórios como a isquemia, que gera uma diminuição no fluxo de sangue que circula nas artérias.

Desta forma, os vasos sanguíneos não conseguem cumprir plenamente suas funções, o que prejudica vários órgãos e tecidos, incluindo os do pênis, podendo gerar impotência ou dificuldades de ereção.

“No nosso estudo piloto, nós descobrimos que homens que anteriormente não se queixavam de disfunção erétil desenvolveram problemas de ereção severos depois de contraírem Covid-19”, afirmou o professor Ramasamy.

Para que a ereção ocorra, é necessário que os corpos cavernosos sejam adequadamente preenchidos por sangue — ocorrendo especialmente após estímulos erógenos — e, após o preenchimento, o sangue fica “represado” nestas estruturas e a ereção saudável ocorre.

Para ocorrer a ereção, é necessário a liberação de óxido nítrico, que dilata os vasos e permite a entrada facilitada de sangue. No estudo, os pacientes tiveram baixa quantidade de produção de óxido nítrico produzido pelo endotélio dos corpos cavernosos após contraírem a Covid-19.

No estudo inicial, os médicos analisaram o tecido do pênis de dois pacientes (um teve Covid-19 há 6 meses e precisou de internação hospitalar e outro teve apenas sintomas leves há 8 meses) e outros dois pacientes que não foram infectados pelo vírus. Os quatro pacientes necessitaram de cirurgia de implante de prótese peniana pelo estado severo da disfunção erétil.

As análises mostraram que os dois pacientes contaminados e curados da Covid-19 tinham partículas do vírus (proteína spike) no tecido do pênis e problemas no funcionamento do endotélio dos vasos sanguíneos — ao contrário dos outros dois pacientes que não foram contaminados.

Este estudo é importantíssimo pois é o primeiro a demonstrar de forma clínica que o vírus da Covid-19 pode permanecer no tecido do pênis por vários meses, mesmo após a cura da doença — o que é um fato preocupante sobre as possíveis sequelas que ainda são estudadas pela ciência.

“Isso sugere que as pessoas infectadas pelo coronavírus precisam estar cientes de que a disfunção erétil pode ser um efeito adverso e devem ir ao médico se desenvolverem sintomas relativos a problemas de ereção”, orientou o professor Ramasamy.

Os autores recomendam que os homens curados da doença fiquem atentos sobre os primeiros sinais básicos de disfunção erétil como redução das ereções matinais e noturnas, dificuldade em obter ou manter uma ereção durante o sexo e redução no interesse sexual.

Pacientes que apresentem estes sintomas precisam procurar ajuda especializada de um urologista o quanto antes, pois a falta de ereção pode provocar atrofia e até fibrose nos corpos cavernosos — dificultando ainda mais o processo de recuperação da disfunção erétil.

Fonte(s): World Journal of Men’s Health / Eureka / Medical Xpress Imagens: Reprodução / Shutterstock

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