OMS confirma 169 casos da misteriosa hepatite aguda infantil em 11 países; 1 morte e 17 transplantes de fígado

A OMS não informou em qual país ocorreu a primeira morte. Os casos da hepatite aguda desconhecida chegaram aos EUA, com 11 crianças infectadas

de Redação Jornal Ciência 0

Os EUA registraram 11 casos da hepatite inexplicável e misteriosa em crianças. O número global só aumenta: agora são 169 crianças com a doença e uma morte foi registrada, com 17 transplantes de fígado.

Foram detectados 2 casos na Carolina do Norte e 9 no Alabama, todos em crianças. Apesar das inúmeras dúvidas e incertezas, muitos cientistas acreditam que o adenovírus — que pode causar resfriado comum — está por trás do surto, embora não tenha sido confirmado.

Segundo o jornal britânico Daily Mail, cientistas norte-americanos acreditam que possa estar ocorrendo uma sobrecarga do fígado pela possível presença do adenovírus e coronavírus ao mesmo tempo — mas a teoria não é compartilhada pela maioria dos especialistas.

De toda forma, cientistas do mundo todo estão confusos sobre os surtos das hepatites agudas, agora em 11 países; tão graves que levam algumas crianças a necessitar de transplante urgente de fígado.

Isso é algo inédito, já que nenhuma das crianças apresentou os vírus tradicionalmente conhecidos pela medicina que causam as diversas hepatites.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu nesta segunda-feira (25/04), recomendações sobre o tratamento da hepatite aguda, além de orientações oficiais, de acordo com o jornal El Tiempo.

A maioria dos casos foi registrada na Europa, exceto 11 confirmados nos EUA e 12 em Israel. O Reino Unido é o que mais relatou (114), seguido pela Espanha (13), entre outros países, informou o comunicado à imprensa.

A OMS disse ainda que aproximadamente, 1 em cada 10 crianças, precisam de transplante de fígado após contrair a nova hepatite. A organização suspeita que possa ser causado pelo adenovírus tipo 41.

A OMS disse ainda não estar claro se houve aumento de casos ou se é um padrão normal que não havia sido detectado antes, mas expressou preocupação de que o adenovírus, associado a casos leves de doenças respiratórias, possa estar causando inflamação aguda severa do fígado de crianças.

É importante lembrar que os 10 primeiros casos de hepatite aguda em crianças foram relatados pelo Reino Unido à OMS no dia 5 de abril. Todas tinham menos de 10 anos de idade.

Atualmente, os mais afetados pela hepatite misteriosa são crianças de 1 mês a 5 anos, mas já atingiu adolescentes de 16 anos.

A maior parte não apresenta febre, e todos foram testados com os vírus das hepatites A, B, C, D e E — conhecidos da medicina por causarem a doença —, mas todos deram negativo, segundo a OMS em seu relatório.

Nos testes realizados, 74 casos possuíam adenovírus — 18 deles especificamente, o adenovírus tipo 41. O grande problema é que esse vírus não é associado à hepatite aguda, somente em casos extremamente raros.

Nos testes, 20 pacientes deram positivo para o coronavírus. Isso deixa os cientistas confusos porque a relação direta entre coronavírus e adenovírus como causador de surto de hepatite não parece óbvia.

A OMS pediu que países fiquem em alerta para investigarem casos suspeitos e tomarem as medidas que sejam necessárias para cuidar dos pacientes e que mantenham as medidas de lavar as mãos e cobrir a boca ao tossir, as mesmas usadas na pandemia.

Também pediu que centros de análise façam exames de sangue, soro, urina e fezes dos pacientes com hepatite aguda para analisar, posteriormente, quais vírus foram encontrados.

Vacinas? Especialistas são categóricos em afirmar que não existe nenhuma relação com os imunizantes. Isso porque nenhuma das crianças que desenvolveram a hepatite aguda tomou vacina contra Covid-19.

A Dra. Susan Hopkins, médica especialista em entrevista ao canal BBC, disse que 77% dos investigados testaram positivo para algum tipo de forma de adenovírus.

Sobre as crianças que necessitaram de um novo fígado, ela foi enfática: “transplantes nessa faixa etária são extremamente raros, por isso, estamos preocupados e queremos entender por que isso está acontecendo e o que mais podemos fazer”.

Cientistas britânicos acreditam que o adenovírus, por ter modificado completamente seu comportamento de causar doenças respiratórias leves por ter sofrido diversas mutações que o levaram a atacar o fígado de crianças, gerando a onda de hepatite aguda grave. Isso preocupa porque poucos países têm condições de fornecer transplante de fígado com urgência em caso de pacientes graves, especialmente crianças. 

O que é hepatite?

É um termo amplo usado para indicar inflamação no fígado, seja ocasionada por vírus, danos ao órgão no caso de pessoas que consomem álcool, entorpecentes, acúmulo de gordura no fígado (esteatose), e diversas outras possibilidades

Até mesmo medicamentos comuns podem ocasionar a chamada hepatite medicamentosa, com sérias consequências que precisam ser tratadas.

Em geral, quando falamos em hepatites, estamos familiarizados com as ocasionadas pelos vírus do tipo A, B e C. Existem vacinam apenas para os tipos A e B — disponibilizados gratuitamente no SUS em 3 doses. Existem outros tipos de vírus que causam hepatites, como os tipos D e E.

Sintomas

Principais sintomas da inflamação no fígado incluem a icterícia (olhos amarelados), urina de cor escura, coceira na pele, dor nos músculos, falta de vontade de comer e febre. Até o momento, o Brasil não relatou nenhum caso de hepatite aguda infantil de causa desconhecida.  

Fonte(s): El Tiempo / BBC Imagens: Reprodução / Ruwanof / Envato Elements

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