O que aconteceria se a Terra fosse “engolida” por um buraco negro?

de Rafael Fernandes 0

Os buracos negros têm sido fonte de muita emoção e intriga.

Mesmo depois das últimas contradições de Stephen Hawking, o interesse sobre buracos negros certamente crescerá agora que as ondas gravitacionais foram descobertas. Invariavelmente, a única coisa quase garantida são os meios, em grande parte horríveis, em que buracos negros podem afetar, teoricamente, seres humanos e a Terra.

Um dos efeitos mais conhecidos de quando um buraco negro se aproxima, tem o curioso nome de “Espaguetificação”. Em resumo, se você ficar muito perto de um buraco negro, vai esticar igual e um espaguete. Este efeito é causado devido a um gradiente gravitacional que passa através de seu corpo.

Imagine que você dirige seus pés para um buraco negro. Eles estarão fisicamente mais próximos do buraco negro, o que os fará sentir uma gravidade mais forte puxando-os do que sua cabeça. Pior que isso, seus braços, em virtude de não estarem no centro do seu corpo, serão atraídos para uma direção também diferente daquela em que sua cabeça está posicionada.

Isso fará com que algumas partes do corpo sejam atraídas para as bordas, em direção ao interior. Assim, seu corpo – ou a Terra – começará a se parecer com espaguete longo antes de atingir o centro do buraco negro.

O que aconteceria, hipoteticamente, se um buraco negro ‘aparecesse’ próximo à Terra? Basicamente, os mesmos efeitos gravitacionais que produzem a espaguetificação. A borda da Terra mais próxima ao buraco negro sentiria uma força muito mais forte do que o lado oposto.

Poderíamos nem notar se um buraco negro supermassivo nos engolisse, pois tudo reapareceria como era antes após um pequeno período de tempo. Mas não perca o sono, nós teríamos de ser muito infelizes para um buraco negro chegar até aqui. 

Curiosamente, os buracos negros não são necessariamente pretos!

Quasares, objetos nos corações de galáxias distantes, são alimentados por buracos negros e são extremamente brilhantes. Quando combinados, podem facilmente ofuscar o resto de sua galáxia hospedeira. Este brilho é gerado quando o buraco negro está deleitando-se com novo material. Quando o material ainda está fora do horizonte de eventos, é possível vê-lo. Abaixo do horizonte de eventos é onde nada, nem mesmo a luz, pode ser visto. Como toda a matéria acumula, ele vai brilhar. É esse brilho que é visto quando observadores observam quasares.

Muito antes de acontecer a espaguetificação, o poder absoluto dessa radiação nos fritaria até a morte.

Aqueles que já assistiram ao filme de Christopher Nolan (Interestelar), viram que a perspectiva de um planeta que orbita em torno de um buraco negro pode ser atraente. Para a vida prosperar, é necessário que haja uma fonte de energia ou uma diferença de temperatura. E um buraco negro pode fazer muito bem esse papel.

Entretanto, há um problema.

O buraco negro deve parar de se alimentar de material, ou poderá emitir radiação demais para permitir vida em qualquer mundo vizinho. Agora, como seria a vida em tal mundo (assumindo que a espaguetificação não ocorra, é claro) já é outra questão.

A quantidade de energia recebida pelo planeta provavelmente seria pequena em comparação com a que nosso planeta recebe do Sol. E o ambiente global de tal planeta poderia ser igualmente bizarro. De fato, na criação de Interestelar, Kip Thorne foi consultado para garantir a precisão da representação do buraco negro em destaque.

Esses fatores não impedem a vida, só fazem com que seja muito difícil de prever qual forma ela poderia tomar.

Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / Wikipédia

Jornal Ciência