O que acontece quando um peixe consome cocaína?

de Merelyn Cerqueira 0

Pesquisadores na Suíça recentemente descobriram que ao dar cocaína para peixes-zebras algo de estranho acontece. Basicamente, o material branco ignora o cérebro dos animais e se acumula nos olhos.

Embora tal constatação não soe como uma revelação que vá mudar o mundo, ela realmente poder ter um grande impacto sobre maneira como medicamentos serão estudados no futuro, segundo informações da IFL Science.

Os peixes-zebra não têm muito em comum com os seres humanos. Mas como possuem um sistema nervoso central, os cientistas podem testar o funcionamento de uma variedade de drogas experimentais. Geralmente, quando os utilizam como cobaias, a intenção dos pesquisadores é observar os efeitos de substâncias psicoativas cujos efeitos seriam eticamente contestáveis para testes em humanos.

Normalmente, a droga atua principalmente sobre o cérebro, especialmente para os animais que, assim como nós, são terrestres. Diferente disso, nos peixes-zebra, elas vão diretamente para os olhos. Isso significa que todos os dados obtidos a partir de experimentos com peixes, de fato, não podem ser considerados relevantes, o que exclui a possibilidade da utilização de determinadas espécies marinhas em estudos de drogas.

Para o experimento, a equipe colocou larvas de peixe-zebra em um tanque contendo água e determinada quantidade de cocaína antes de utilizar uma técnica de espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser assistida por matriz para observar onde a droga se acumularia. Eles descobriram que apenas uma pequena quantidade acabou chegando ao cérebro, ao passo que concentrações maciças – suficientes para matar uma pessoa – se aglomeraram nos olhos.

Os pesquisadores ainda não sabem explicar exatamente por que isso acontece, mas, eles especulam que a cocaína possa ter uma afinidade química com a melanina, encontrada nos olhos dos peixes. Nos seres humanos, a droga atua no cérebro provocando a liberação de neurotransmissores como dopamina, resultando em hiperatividade. Nos peixes, no entanto, a reação é contrária, causando uma redução de atividade. Isso, de acordo com os pesquisadores, pode ocorrer porque ela age como um anestésico quando em contato com a pele, brânquias e sistema nervoso periférico. As descobertas foram relatadas na revista Toxicological Sciences.

[ IFL Science ] [ Fotos: Reprodução / IFL Science ]

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