De acordo com um relatório feito para a Organização Marítima Internacional, uma agência das Nações Unidas para a prevenção da poluição marinha, pequenos pedaços de plásticos estão se depositando em peixes e mariscos, e nós os compramos em supermercados.
Até o momento não foi estabelecido o efeito que as pequenas partículas terão sobre os seres humanos. No entanto, os pesquisadores assumem que os microplásticos têm penetrado os animais e seus habitats aquáticos a partir de diferentes fontes, segundo informações da CBC News.
“Eles se infiltraram em todos os níveis da cadeia alimentar de ambientes marinhos, e agora estamos vendo-os voltarem para nós através de nossos pratos”, disse Chelsea Rochman, professora assistente de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Toronto, no Canadá, e coeditora do relatório.
Segundo o estudo, eles variam de minúsculas fibras oriundas de tecidos sintéticos de nossas roupas a pedaços de pneus de carro que se desgastam nas estradas e conseguem chegar aos oceanos por meio das chuvas. Eles também apresentam uma variedade de tamanhos, uma vez que podem ser consumidos por animais marinhos grandes ou microscópicos. “Esses materiais entram em organismos marinhos, não apenas em suas entranhas, mas também em seus tecidos”, explicou Peter Wells, pesquisador do Instituto Internacional de Oceania da Universidade Dalhousie, no Canadá.
Ele alertou que a preocupação não envolve apenas o plástico em si, mas também as coisas que vêm junto com eles. Os microplásticos absorvem e carregam produtos químicos, como PCBs, pesticidas e outros compostos que perturbam os hormônios humanos de muitas formas. Até recentemente, a atenção do mundo estava voltada para os plásticos maiores despejados nos oceanos, um tipo de lixo mais visível a olho nu e capaz de formar gigantes ilhas. “Foi somente quando os cientistas começaram a olhar amostras de plânctons e água com mais cuidado que perceberam que muitos plásticos eram pequenos e impossíveis de serem vistos, exceto sob um microscópio”, diz Wells.
Origem das microesferas
Entre os microplásticos encontrados em lagos de água doce e oceanos, podemos destacar a presença de microesferas oriundas de esfoliantes, que são as mais conhecidas pelo público e podem ser detectadas em sabonetes, cremes faciais e pastas de dente. Nos EUA, o governo federal já emitiu uma proibição para a venda de artigos de higiene pessoal que contenham microesferas. No entanto, a lei só entrará em vigor em 2018.
Embora elas sejam responsáveis por grande parte da presença de microesferas nos oceanos, não podem ser consideradas as únicas e principais fontes. “A maior fonte são provavelmente itens de plástico maiores que podemos ver durante a limpeza de praias, que entram na água e, ao longo do tempo, quebram-se pela ação do Sol em pequenos pedaços”, explicou Wells.
O que isso significa para os peixes que consumimos?
De acordo com a nutricionista Kate Comeau, porta-voz do Dietitians of Canada, os consumidores não devem chegar a conclusões precipitadas em relação aos resultados do relatório em questão. “É uma conversa importante, mas não queremos que as pessoas deixem de comer alimentos saudáveis”, disse. Os peixes, segundo ela, são excelentes fontes de proteína, vitamina D, ferro e ômega 3, considerado extremamente importante para a saúde cardíaca.
Segundo Rochman, mais pesquisas são necessárias antes que alguém utilize a questão dos microplásticos para determinar o que fará para o jantar. “O que realmente precisamos fazer é uma avaliação de risco, e ninguém ainda fez isso para os microplásticos”, finalizou.
[ CBC ] [ Fotos: Reprodução / CBC / Pixabay ]